terça-feira, 18 de setembro de 2007

Chinelada da semana

Sapatada da semana na imprensa esportiva hipócrita, que pede punição ao zagueiro do Santos Domingos, o qual teria ofendido o são-paulino Rycharlisson durante a peleja.

Só quem nunca jogou bola para ter uma idéia de jerico dessas. No campo de jogo não existe amigo, xinga-se todo mundo (companheiros de time inclusive). É parte do jargão, está no espírito do esporte. Punir quem ofende o outro no jogo - o que aliás começou com aquela palhaçada em cima do argentino De Sábato - seria como instituir lei do silêncio no pregão da bolsa. Cada coisa em seu lugar.

Pessoalmente, acho que o Domingos deveria ser suspenso uns três anos por ter xingado o viado de viado (aí a gente ficaria livre dele), mas é o mesmo que punir um cidadão que chama o outro de "negro filho da puta" de racista. Ora bolas, a ofensa é o "filho da puta", não o "negro". No caso do atleta são-paulino, a alusão ao cervo não é ofensa, é descrição. A ofensa deve ter vindo depois.

Freguesia escancarada

O jogo de sábado serviu para reafirmar: Wanderley Luxemburgo tornou-se freguês de carteirinha de Muricy Ramalho. O retrospecto recente não deixa dúvidas. Comandando os dois times mais festejados do futebol paulista nos últimos anos, os duelos entre ambos refletem um desequilíbrio que não aparece no elenco nem nas conquistas dos times.

Desde que Luxemburgo regressou ao Santos da sua fracassada aventura espanhola, os times se enfrentaram seis vezes. Foram quatro vitórias do São Paulo (3 x 1 no Paulista de 2006, 1 x 0 no Brasileiro de 2006, 2 x 0 e 2 x 1 no Brasileiro de 2007), uma vitória do Santos (4 x 0 no Brasileiro de 2006, contra os reservas do São Paulo) e um empate (1 x 1 no Paulista de 2007).
Nesse período, o Santos conquistou dois títulos Paulistas, e o São Paulo caminha para seu segundo Brasileiro. Podemos considerar, portanto, que são duas equipes formadas para disputar títulos, e não apenas participar dos campeonatos. Olhando os elencos, então, torna-se ainda mais difícil afirmar que o time que tem Leandro e Souza como titulares das camisas 9 e 10 é um time mais perigoso do que o que tem Kleber Pereira e Petkovic como donos desses números.
Por que a discrepância nos confrontos, então?

Luxemburgo é um ex-treinador em atividade. Parece evidente que não sabe mais (ou não está interessado em) avaliar as características do adversário e montar seu time para explorá-las. Escalar dois meias lentos, fisicamente frágeis como Petkovic e Pedrinho juntos contra um time que tem na pegada sua melhor característica é um erro pueril – ou de prepotência. Se repetir a tolice no próximo confronto do Santos, contra o Grêmio, time de característica similar, o técnico vai amargar novo revés.

Muricy, por seu lado, mostrou ter estudado bem o Santos. Colocou Dagoberto para jogar em cima de Kleber, e impedir os avanços do lateral. Não deu espaços para Pedrinho e Pet e adiantou a marcação, deixando sempre a saída de bola nos pés de Domingos. Com isso, o São Paulo acuou o Santos e tornou-se uma questão de tempo para os gols saírem.

Quando os gols saíram, Luxa desceu do saltou e mudou o que evidentemente não vinha funcionando – a meia e a articulação com o ataque. Mesmo colocando o limitado Tabata, além de Vítor Junior e Moraes, o time cresceu, criou chances e marcou um gol no finzinho. Se tivesse sido menos prepotente, quem sabe...