sexta-feira, 1 de junho de 2007

A Semana: o que valeu a pena e o que foi uma bosta

O que valeu a pena

Ver a bisonhice do zagueiro Adaílton, contra o Grêmio (falhou no segundo gol e provavelmente matou do coração alguma viúva do Pelé). O vídeo Betão Eterno (rir da própria desgraça é uma qualidade). A primeira mão do Figueirense na Copa do Brasil (eu avisei, eu avisei...).

O que foi uma bosta

Estamos cheios de bosta hoje, vamos lá: a constatação de que o Jô poderá participar do primeiro jogo internacional no Novo Wembley (mexa-se, International Board!). O casaco que o Luxa emprestou da série Pesca Mortal, do Discovery Channel, e usou contra o Grêmio. A tática que o Luxa emprestou da Portuguesa e usou contra o Grêmio. A contusão do Finazzi, a melhor-pior surpresa do ano. A morte do pai do técnico Paulo César Carpegiani (meus pêsames, mas há outros velhos no Corinthians que mereciam bem mais morrer primeiro). O choro da Bambizada contra o Edmundo (“ele me bateu, tio... buááá”).

O homem que não calculava

Há uma discussão que volta e meia aparece no mundinho do jornalismo que dá conta da possibilidade de não-jornalistas (quer dizer, não-formados em Jornalismo) trabalharem como repórteres, comentaristas etc. Eu sou jornalista (não parece, porque esse lead ficou horrível), mas não tenho nada contra. Acho até que em algumas áreas, como Medicina ou Esportes, os profissionais que fizeram carreira nessas áreas são muito bem-vindos, pois enriquecem a discussão.

O problema é que as pessoas não têm muita noção das coisas, e acabam colocando no ar gente que está lá apenas para falar merda. Tomemos como exemplo o ex-dublê de árbitro Oscar Roberto Godoy. Este senhor falou, no programa Papo de Craque – 2ª Edição desta quinta-feira, 31/05, transmitido pela Rádio Transamérica de São Paulo, que, considerando os 22 atletas num jogo de futebol, entre disputar uma partida na Vila Belmiro e no Morumbi um atleta ganha 38m2 de campo no segundo; ou seja, o campo do São Paulo seria tão maior que daria uma kitchinete de vantagem para um meia habilidoso em relação à Vila Belmiro.

Como disse, eu sou jornalista, e escolhi essa profissão por não manjar nada de matemática. Entretanto, não precisa ser muito inteligente para perceber que alguma coisa está errada. Se o Godoy fosse um repórter, provavelmente ele apuraria quanto mede cada um dos gramados, e veria que o da Vila mede 105.8m X 70.3m, ou 7.437,74m2, e o do Morumbi mede 108.25m X 72.7m, ou 7.869,77m2 (medidas oficiais).

Se cada um dos 22 jogadores fosse ter 38m2 a mais no Morumbi, isso daria uma diferença de 836m2. Entretanto, a diferença entre um e outro é de 432,035m2, ou seja, 19,63m2 para cada um. Praticamente a metade do que o ex-dublê de árbitro falou para milhões de pessoas – e eu aqui falo para umas dez, no máximo.

Depois vou cobrar do Caiçara por esta defesa da Vila Belmiro.

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Noves fora, nada.




“Os voluntariosos não tomarão sufoco na saída de bola” – Ezequiel, I, 9-10



Profeta aqui é o Caiçara. Vejam seu lúcido post aí embaixo (o 60º deste nosso blog!). De fato, o pofexô, metido num sobretudo siberiano de nylon, cheio de gomos e candidato a bosta da semana do Rodrigol, fez que fez e agora volta à Vila semana que vem sem ter muito o que fazer. Ficou mesmo lá atrás tentando, sem sucesso, suportar o Grêmio. Com isso, cravou no peito duas facadas que podem ser as derradeiras para este seu suicídio de uma semana.

Sem a pretensão de analisar nada, sei lá se o Tabata e o Moraes fizeram o time avançar, o negócio é que o Grêmio já fez o que o Caiçara previu para o seu Peixe na Vila e sufocou a saída de bola e as iniciativas do alvinegro praiano. Se este quiser fazer o mesmo ao nível do mar, pode tirar a diferença, mas pode tomar um contra-ataque puxado, principalmente por quem?, por quem?, por quem?, pelo nosso outrora terceiro melhor lateral esquerdo do mundo, Lúcio, que ontem, ainda que com sua competência rarefeita, realmente acendeu uma luz amarela na cachola do Luxa, disparando pelo lado esquerdo (se bem que os gols saíram um pelo lado direito e outro do talento de Adaílton). Se tomar o gol do Grêmio, já viu.

Aí, no fim de semana, lá vêm os reservas para pegar o Coringão, que já não terá Finazzi. Começaram os problemas. Calma, profeta, o time ainda não tomou gol. Mas começa assim, machuca um, convoca outro pro time de amarelo (Lulinha, William), aí a falta de planejamento entra em campo. Como disse o nosso Marcelo, que lamenta por ver seu São Paulo ladeira abaixo, sai o Finazzi, noves fora, nada.

Por falar na defesa do Timão, isso aqui, apesar de ser uma bosta, vale entrar nas coisas bacanas da semana do Rodrigol. O Betão me parece uma verruga no nariz do Coringão.

O Caiçara já falou, mas o Botafogo vir falar da Ana Paula Oliveira? A punição foi, no mínimo, injusta, pra não dizer que foi motivada por inclinações machistas. Esses botafoguenses, sei não. Privar-nos da visão da Ana Paula? Tomara que nesse período de gancho ela pose pra Playboy.

E agora há pouco Rodrigol e eu ouvimos uma “cabeça” (no jargão jornalístico, o texto que um apresentador de telejornal lê para introduzir uma matéria) do Globo Esporte que começava com “E no Corinthians morreu...”. Uhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!! Era o pai do Carpegiani. Pensamos que poderia ser o Dualib.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Coragem é fundamental

Escrevo essas linhas minutos antes de Grêmio e Santos abrirem as semifinais da Copa Libertadores da América, no Estádio Olímpico, em Porto Alegre.

O Grêmio sempre foi um time com o qual simpatizei, seja por sua origem germânica, seja pela forma teutônica com que se atira ao jogo, acreditando sempre que podem reverter um resultado impossível, talvez por saberem eles, no fundo, que estão praticando outro esporte, que se parece futebol, cujas regras se adaptam perfeitamente ao futebol, mas não é futebol.

Isso fez do time do sul um dos que aprendi a respeitar e admirar como rival. É certo que também ajuda o fato de o time gaúcho ter seu pior cartel de jogos na história contra clubes nacionais justamente contra o Santos: em 56 confrontos, o peixe tem 27 triunfos, são 12 empates e 17 vitórias gaúchas. Talvez a simpatia venha da freguesia...

Mas a história hoje pouco vale. Meu anseio (e receio) é pela postura do time que Luxemburgo colocará em campo hoje.

Se repetir a tática covarde usada contra o América, no México, onde escalou o time sonhando com o 0 a 0, Luxemburgo corre o risco de voltar para a Vila Belmiro sem ter muito o que fazer na próxima semana. Ficar lá atrás suportando a pressão gremista é suicídio.

A única coisa a fazer é adiantar a marcação e pressionar a saída de bola do Grêmio. Assim o time impede que o Grêmio faça o jogo de cruzamentos na área, de que gosta tanto, e pode recuperar a bola para fazer o jogo de troca de passes, característica do Santos. Sem contar que uma bola recuperada no campo ofensivo sempre pode vir a se transformar em gol.

Se o Santos quiser superar o Grêmio ao longo dos 180 minutos, Luxemburgo precisa mudar a postura que deu ao time nos mata-matas. Acho que ele não entendeu ainda muito bem o regulamento dos gols fora: diferentemente do que ele defendeu, o 0 a 0 fora de casa é um resultado ruim. É quase uma derrota, pois obriga a vitória do time mandante na volta. Por isso, é fundamental marcar gols na casa do adversário.

Jogar retrancado, fazer um gol de vantagem e tentar se segurar a qualquer custo é algo que tem sido punido severamente nesta edição da Libertadores.

O Defensor tinha dois gols de vantagem contra o Grêmio, e caiu. O América achou um gol de vantagem contra o Santos na Vila, mas caiu. E que o diga o Libertad, que segurou o Boca por 150 minutos, mas foi punido com uma arrancada magistral de Riquelme que matou o jogo...

Os covardes que me perdoem, mas para ganhar esta Libertadores, coragem vai ser fundamental.

Pouco currículo e muita badalação

O clássico contra o São Paulo no último domingo revelou, mais uma vez, a falta de maturidade do Caio Junior. Após o empate – em jogo ridículo e insosso, ressalte-se –, ele comemorou. É. Comemorou o mísero um ponto que o time conquistou. O Palmeiras atuou com covardia e não aproveitou a fragilidade momentânea do adversário. Jogou com desinteresse, só para empatar. Assim, perdeu uma oportunidade única de embalar no campeonato e, ao mesmo tempo, de enterrar o São Paulo numa crise daquelas.

Não gosto do Caio Junior. É politicamente correto demais, bonzinho demais. E a imprensa também acoberta os seus erros, inexplicavelmente. Como técnico, ele está apenas engatinhando. Tem pouco currículo e muita badalação. Ou seja, é apenas uma promessa que, na prática, conquistou um resultado inesperado para o pequeno Cianorte na Copa do Brasil e logrou a vaga na Libertadores para o Paraná, feitos semelhantes aos conquistados por técnicos como Bonamigo, Estevam Soares, Péricles Chamusca, entre muitos outros enganadores.

O Palmeiras tinha que arrebentar o adversário no último domingo. Tinha que pressionar e comprovar sua superioridade – no momento – no campo. Basta observar a insegurança, traduzida em passes fáceis errados e saídas desastradas de bola, demonstrada por alguns jogadores do São Paulo no começo do jogo para constatar uma obviedade: o time do Muricy entrou nervoso, amarelando como nos velhos tempos. O Palmeiras não teve ousadia nem competência para aproveitar.

Depois do jogo, Caio Junior disse para a imprensa que o Palmeiras jogou com três atacantes, pra frente. Bobagem. O time não teve sequer uma chance clara de gol. Caio Junior comentou que o Palmeiras não entrou para empatar. Mentira. No meio do segundo tempo, quando tinha que arriscar alguma coisa, ele tirou o Michael e, de novo, colocou um volante... para, obviamente, segurar o resultado.

Acho que a postura do Palmeiras tem que mudar. Um bom começo seria o Caio Junior resgatar alguns materiais da gloriosa trajetória do clube, que, não custa lembrar, foi o campeão do século 20 no Brasil, pela Placar e pela Folha de São Paulo.

Au au au Edmundo é animal

O meu querido colega Don está equivocado. A torcida do Palmeiras não gritou “Fora Edmundo...” em sua última partida naquela primeira passagem pelo clube. Pelo contrário. No dia 3 de maio de 2005, contra o Bolívar, no Palestra Itália, o Palmeiras ganhou de 3x0, e a torcida implorou: ‘Fica Edmundo, você vai ser campeão do mundo’.

A torcida do Palmeiras idolatra o Edmundo. Sempre idolatrou e alimenta um amor profundo pelo craque. Nem sua passagem pelo timinho sem estádio fez com que a torcida deixasse de reverenciar o jogador.

Edmundo alia duas características que encantam qualquer torcedor: (1) possui técnica refinada, desequilibra(va) com seus dribles desconcertantes e, agora veterano, continua desequilibrando, com passes mágicos e muitos gols; (2) é aguerrido, raçudo, não se contenta com pouco e inflama a torcida com sua vontade de vencer.

Edmundo errou quando não cumprimentou o técnico. Mas tem crédito. Caio Junior ainda não tem e, por isso, vai ter que enfiar a viola no saco e tratar de pensar como técnico de time grande.

Naturalmente...

só poderia vir do São Paulo, cujo apelido todos conhecemos, a iniciativa de, após um jogo, pedir a punição de um atleta do time adversário para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e a comissão de arbitragem da CBF. Se a moda pega...

Pergunta: será que o São Caetano pediu a punição do Souza pela entrada criminosa que ele deu (não me lembro em quem) em um dos jogos das semifinais do Paulista?

Tática antiga

A crise financeira do Palmeiras é vexatória e causa vergonha. A diretoria tenta ofuscar a situação falando sobre a contratação de jogadores. A tática é antiga. O nome da vez agora é o Alex Mineiro(!), refugo que tem 32 anos e só fez um bom campeonato em toda a sua carreira. Tomara que não dê certo.

terça-feira, 29 de maio de 2007

E o Troféu Animal vai para...

Inspirado no clássico paulista deste último final de semana, inauguro nesta coluna o Troféu Animal. Uma vez por mês, relembraremos grandes momentos dos ringues, dentro dos gramados.

E claro, para começar, nada melhor do que Edmundo, O Animal, apelido concedido por Osmar Santos, nos tempos que o narrador e comentarista ainda estava na ativa.

Revelado pelo Vasco da Gama, Edmundo foi contratado pelo Palmeiras no início de 1993. Habilidoso, não teve dificuldades para se destacar como atacante e logo cair nas graças da torcida. Rápida também foram suas punições por indisciplina e visitas às páginas de celebridades e policiais.

Temperamental, o Animal teve seu primeiro momento polêmico em sua saída do Palmeiras em 1994. Após meses de negociação com a diretoria, Edmundo não aceitou renovar com o clube. A torcida que o idolatrava, entoou em sua última partida “Fora Edmundo, você é o maior traidor do mundo!”.

Sua chegada ao Flamengo foi em clima de festa. Deveria fazer o ataque dos sonhos com Romário e Sávio. Em pouco tempo, ouviu um novo coro: “Pior ataque do mundo, pior ataque do mundo, pára um pouquinho, descansa um pouquinho, Sávio, Romário, Edmundo!”.

A volta ao Palmeiras em 2006 foi comemorada pela torcida. Aos 36 anos, entre altos e baixos, Edmundo ainda encanta e polemiza. Autuado por dirigir embreagado no final do ano passado, o Animal aguarda novidades sobre um possível processo na Justiça Desportiva após entrada dura no zagueiro Tricolor.

Mas Edmundo já viveu dias melhores, quando mobilizava times inteiros em embates incríveis, como este, em 1994.

Para ser politicamente incorreto, como manda este blog, nosso herói mereceria um episódio por semana, e é por essas e outras que Edmundo é o vencedor do mês e tem sua alcunha homenageada pelo Troféu Animal. Meus parabéns!

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Chinelada da semana

Inauguro a partir desta semana minha coluna semanal fixa. O nome é uma óbvia referência ao saudável hábito imortalizado pela torcida santista nos jogos da Vila, politicamente incorreto ao extremo, de mandar Havaianas na orelha dos adversários.

O objetivo dessa coluna não poderia ser mais simples e mais diretamente ligado ao título: achincalhar alguém ou alguma coisa, mandando uma chinelada verbal no pé d’ouvido do eleito, sem nenhuma pretensão de ser justo ou expor todos os lados da questão.

Infelizmente, o hábito original anda meio abandonado na Vila famosa. Dizem as más línguas que isso é reflexo das punições que o Santos recebeu por objetos atirados no gramado. Bobagem. Tenho certeza que a principal causa da escassez de Havaianas voadoras é o preço irreal que o baianoso chinelo ganhou depois que virou grife.

E a primeira chinelada vai na orelha do... Édson Rezende, presidente da Comissão Nacional de Árbitros, que afastou a assistente Ana Paula de Oliveira por, pelo menos, três rodadas do Campeonato Brasileiro por causa de sua atuação na vitória de 3 a 1 do Botafogo sobre o Figueirense no confronto de volta das semifinais da Copa do Brasil. Para quem não acompanha campeonatos menores como essa copinha sem grandes: Ana anulou dois polêmicos gols do time carioca, alegando impedimento.

Esse mesmo Botafogo foi campeão brasileiro em 1995 graças a erros de arbitragem muito mais graves, mas nem por isso a Comissão Nacional de Arbitragem puniu o salafrário de então. Pelo contrário, premiou-o com uma ida à Copa do Mundo. Só por isso o Botafogo já mereceria ser roubado pela eternidade afora, sem qualquer tipo de punição aos juízes-justiceiros.

Mas vamos tentar esquecer o passado e vejamos o caso da Ana Paula. Ela cometeu um erro muito mais grave no empate do Santos contra o São Paulo (1 a 1) no Campeonato Paulista. Na ocasião, a bandeirinha anulou um gol legal de Jonas, que estava quase dois metros atrás do último zagueiro, e reconheceu o erro. Qual foi a punição? Uma partida de suspensão.

No jogo do Botafogo, o primeiro lance que ela invalidou o avante do Botafogo estaria supostamente na mesma linha. Difícil. No outro, ela interpretou que algum dos três ou quatro botafoguenses impedidos interferiram na jogada do gol – aquela interpretação que sempre foi prerrogativa dos árbitros. A bandeira não reconheceu ter errado em nenhum dos lances. Mas aí vem uma decisão acachapante: suspensão de três jogos.

Tá certo que o Montenegro até tem um bom argumento, pensando no aspecto politicamente incorreto da coisa – “Ninguém põe mulher para apitar decisão de Liga Européia nem Copa do Mundo.” – mas o fato é que ela só está sendo punida porque cometeu o crime capital de, na dúvida, não favorecer um time do Rio de Janeiro.

A decisão de agora mostra, uma vez mais, que a direção da arbitragem brasileira trata todos os clubes igualmente – desde que sejam cariocas.