sexta-feira, 25 de maio de 2007

Que vença o Palmeiras!

A fonte não é lá muito confiável, mas, de acordo com www.palmeiras.com.br, levamos vantagem sobre o São Paulo quando o assunto é Campeonato Brasileiro. Em 40 partidas realizadas na história, obtivemos 16 vitórias [57 gols], contra 19 empates e apenas cinco vitórias do rival [43 gols]. No Brasileirão, o Verdão ficou 27 anos sem perder para o São Paulo, entre 1973 e 2000. Nesse período, a maior goleada aconteceu em 1992, pelo placar de 4 a 0, no Morumbi, gols de Evair (2), Edu Marangon e Andrei. Também pelo Brasileirão, o maior artilheiro por parte do Palmeiras contra o São Paulo é o atacante Edmundo, que fez um gol na competição de 1993, quando o Verdão venceu por 2 a 0, e dois em 1994, no empate por 2 a 2.

Espero, obviamente, que a vantagem do Palmeiras seja ampliada no domingo. Entramos com um certo favoritismo no clássiso. O Edmundo, o Valdivia e o Michael estão entrosados, David e Dininho formam boa dupla na zaga, o Diego continua fechando o gol e o Martinez é o mais habilidoso segundo volante da história recente do Palmeiras. Avalio, entretanto, que ainda estamos frágeis em algumas posições: nas duas laterais, no primeiro volante - caso jogue o Pierre - e na frente, com o paraguaio.

O São Paulo, por sua vez, aposta suas fichas no Dagoberto, que é realmente excelente jogador. O Alex Silva também atravessa boa fase. Mas acho que as laterais ainda não estão consolidadas (o Ilsinho começou muito bem e hoje é uma baba), o Josué marca sozinho, e os meias vêm jogando mal.

Acho também que os bambis podem sentir a pressão se o Palmeiras abrir o marcador. Assim, é fundamental que o Verdão controle o jogo desde o início, aperte a marcação e envolva a pesada defesa adversária com triangulações rápidas. Ah, torço para que o Leandro esteja inspirado no domingo e possa aproveitar a Av. Ilsinho.

E, finalmente, espero que o Caio Jr deixe de lado sua já conhecida postura de técnico de time pequeno e parta para cima do São Paulo, que está vulnerável e em crise iminente.

Que vença o Palmeiras!

Os jogos contra os bambis em Brasileiros

24/10/1971 - Palmeiras 1 x 1 São Paulo Local: Morumbi
Palmeiras: Leão; Eurico, Luís Pereira, Nélson e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Paulo Borges (Dé), Leivinha, Héctor Silva (Fedato) e Pio. Técnico: Mário Travaglini Gols: Everaldo (São Paulo); Luís Pereira (Palmeiras)

Último jogo entre os dois clubes em Brasileiros24/09/2006 - Palmeiras 3 x 1 São Paulo [2º turno]Local: Eduardo José Farah, em Presidente Prudente/SPPalmeiras: Diego Cavalieri; Nen (Rosembrick), Thiago Gomes e Alceu; Paulo Baier, Francis, Wendel (Marcinho Guerreiro), Juninho Paulista e Michel; Marcinho e Enílton (Roger). Técnico: Marcelo Villar

Confira todos os confrontos

1 - 24/10/1971 - Palmeiras 1 x 1 São Paulo - Gols: Luís Pereira - Local: Morumbi
2 - 22/11/1972 - Palmeiras 0 x 0 São Paulo - Local: Pacaembu
3 - 10/12/1972 - Palmeiras 0 x 2 São Paulo - Local: Morumbi
4 - 25/11/1973 - Palmeiras 1 x 2 São Paulo - Gols: Leivinha - Local: Morumbi
5 - 20/2/1974 - Palmeiras 0 x 0 São Paulo - Local: Morumbi
6 - 12/6/1974 - Palmeiras 1 x 0 São Paulo - Gols: Ronaldo - Local: Pacaembu ***Palmeiras campeão brasileiro***
7 - 12/10/1975 - Palmeiras 0 x 0 São Paulo - Local: Morumbi
8 - 17/10/1976 - Palmeiras 2 x 1 São Paulo - Gols: Edu e Nelson (contra) - Local: Morumbi
9 - 06/11/1977 - Palmeiras 2 x 0 São Paulo - Gols: Jorge Mendonça (2) - Local: Pacaembu
10 - 23/4/1978 - Palmeiras 0 x 0 São Paulo - Local: Morumbi
11 - 09/7/1978 - Palmeiras 1 x 1 São Paulo - Gols: Beto Fuscão - Local: Morumbi
12 - 03/2/1985 - Palmeiras 2 x 2 São Paulo - Gols: Márcio e Barbosa -Local: Morumbi
13 - 16/3/1985 - Palmeiras 4 x 4 São Paulo - Gols: Jorginho Putinatti, Ditinho, Mendonça (2) - Local: Pacaembu
14 - 02/11/1986 - Palmeiras 0 x 0 São Paulo - Local: Morumbi
15 - 14/12/1986 - Palmeiras 2 x 2 São Paulo - Gols: Edu Manga, Mirandinha - Local: Morumbi
16 - 26/9/1987 - Palmeiras 2 x 1 São Paulo - Gols: Edu Manga, Gerson Caçapa - Local: Pacaembu
17 - 13/11/1988 - Palmeiras 1 x 1 São Paulo - Gols: Zanata - Local: Palestra Itália
18 - 05/11/1989 - Palmeiras 2 x 2 São Paulo - Gols: Dida, Paulinho Carioca - Local: Morumbi
19 - 21/10/1990 - Palmeiras 2 x 1 São Paulo - Careca, Betinho - Local: Morumbi
20 - 04/4/1991 - Palmeiras 0 x 0 São Paulo - Local: Morumbi
21 - 08/3/1992 - Palmeiras 4 x 0 São Paulo - Gols: Edu Marangon, Andrei, Evair (2) - Local: Morumbi
22 - 21/11/1993 - Palmeiras 1 x 1 São Paulo - Gols: Edilson - Local: Morumbi
23 - 04/12/1993 - Palmeiras 2 x 0 São Paulo - Gols: Edmundo, César Sampaio - Local: Morumbi
24 - 30/10/1994 - Palmeiras 2 x 2 São Paulo - Gols: Edmundo (2) -Local: Morumbi
25 - 26/11/1995 - Palmeiras 2 x 0 São Paulo - Gols: Muller, Wágner - Local: Campo Grande-MS
26 - 29/9/1996 - Palmeiras 2 x 1 São Paulo - Gols: Rincon, Djalminha - Local: Palestra Itália
27 - 7/9/1997 - Palmeiras 2 x 0 São Paulo - Gols: Zinho, Oséas - Local: Morumbi
28 - 26/7/1998 - Palmeiras 2 x 1 São Paulo - Gols: Zinho, Oséas - Local: Pacaembu
29 - 03/10/1999 - Palmeiras 0 x 0 São Paulo - Local: Morumbi
30 - 02/9/2000 - Palmeiras 0 x 3 São Paulo - Local: Morumbi
31 - 25/11/2000 - Palmeiras 1 x 1 São Paulo - Gols: Adriano Louzada - Local: Pacaembu
32 - 30/11/2000 - Palmeiras 2 x 1 São Paulo - Gols: Tuta, Galeano - Local: Morumbi
33 - 06/10/2001 - Palmeiras 1 x 0 São Paulo - Gols: Tuta - Local: Morumbi
34 - 02/10/2002 - Palmeiras 1 x 1 São Paulo - Gols: Muñoz - Local: Pacaembu
35 - 27/6/2004 - Palmeiras 2 x 1 São Paulo - Gols: Vágner Love (2) - Local: Pacaembu
36 - 02/10/2004 - Palmeiras 1 x 2 São Paulo - Gol: Osmar - Local: Morumbi
37 - 04/8/2005 - Palmeiras 3 x 3 São Paulo - Gols: Marcinho, Gioino, Warley - Local: Morumbi
38 - 12/11/2005 - Palmeiras 2 x 1 São Paulo - Gols: Daniel, Juninho Paulista - Local: Pacaembu
39 - 24/5/2006 - Palmeiras 1 x 4 São Paulo - Gols: Márcio Careca - Local: Morumbi
40 - 24/9/2006 - Palmeiras 3 x 1 São Paulo - Gols: Nen, Marcinho, Paulo Baier - Local: Presidente Prudente/SP

O campeonato mais roubado da história do futebol

Querem saber qual foi? Imaginem o seguinte: um time vai ser punido porque fez maracutaias variadas no campeonato nacional. Aí vem a turma do deixa-disso, os lobistas, os deputados amigos, o dono do time – que tem a sua própria rede de Televisão – e então resolve-se aliviar um pouquinho.

E já que aliviou um pouquinho, a confederação continental resolve livrar também a barra do pessoal, porque, afinal, eles são legais pra caramba e tal, têm uma torcida enorme e são cheios da grana, e aí dão um jeito de convidá-lo para o campeonato mais importante do continente, desde que eles passem por uma fase eliminatória na qual só vão encontrar moscas-mortas pela frente.

E o que acontece? O time esmaga as moscas-mortas, vai passando, vai vencendo e – pimba! É campeão.

Isso tudo foi o que aconteceu com o Milan. De possível rebaixado para a Série B do Italianão, ele virou participante da Champions League, da qual levantou o caneco na última quarta, ao vencer o Liverpool.

E depois tem gente que reclama do Márcio Rezende de Freitas...

O novo Carrossel Caipira?

Para quem não sabe, pois isso aconteceu antes da Internet (pré-história para a molecada), vou explicar: o Carrossel Caipira foi montado em 1992 por Oswaldo Alvarez, o Vadão, no Mogi Mirim, o time interiorano que incomodou os grandes no Paulistão daquele ano. Ganhou esse nome porque tinha a ambição de mimetizar o estilo da Holanda de 74, a Laranja Mecânica.

Assim que acabou o torneio, o Corinthians trouxe quatro jogadores do Sapão, a base do Carrossel: Admílson, lateral-esquerdo; Leto, atacante; Válber, meia, e que todos apontavam como o craque do pacote; e um moleque desengonçado chamado Rivaldo, que em 2002 foi campeão mundial com a Seleção Brasileira na Copa do Japão/Coréia.

Agora, depois de 15 anos, o Corinthians traz de novo um pacotão de um time interiorano que fez boa campanha no Paulistão: o Bragantino semi-finalista chegaram os zagueiros Zelão e Cadu, o goleiro Felipe, o volante Moradei e o atacante Everton Santos.

Desses aí, se eu tivesse que colocar uma grana em algum, certamente apostaria em Everton Santos. Em dois jogos ele foi muito bem, e parece não ter sentido o tal “peso” da camisa. Zelão e Felipe parecem ser bons também, e ainda não têm nenhum gol em sua conta. Os outros dois ainda não jogaram.

No entanto, é bom a diretoria ficar esperta desta vez. Em 1994, o Dualib (pois é, o véio já estava lá...) perdeu o Rivaldo para o time da Parmalat, que, hoje sabemos, vendia leite azedo aos seus acionistas para financiar equipes de aluguel mundo afora. Agora, é capaz que mês que vem algum time da Rússia compre esse Everton Santos por US$ 5 milhões, por exemplo.

Mas isso é pedir muito, né?

A Semana: o que valeu a pena e o que foi uma bosta

O que valeu a pena

O Gol 1000 do Romário (que eu não vi ao vivo por estar num shopping-center brigando com a Claro, que me vendeu um celular que não funciona). A classificação do Figueirense à final da Copa do Brasil; novamente um time carioca será vice-campeão de alguma surpresa, se é que podemos considerar o Figueirense uma surpresa (um carioca só ganha quando joga contra outro carioca, como no ano passado). Os cinco dias de paz que o Corinthians teve após a vitória no último domingo – OK, a Porcada teve também. A chegada do Boca à semi da Libertadores (pintou o campeão).

O que foi uma bosta

A combinação terno preto/camisa roxa/gravata rosa do Luxemburgo, contra o América; parece-me que as roupas rosa estão na moda, e isso é realmente uma bosta. O título do Milan na Champions League, um time que nem deveria ter disputado o campeonato. O crescimento do coro anti-Muricy – é a imprensa e a torcida tricolina, que só comparece em jogo de Libertadores, espinafrando mais um do Morumbi.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Os erros e os acertos do Caio Junior


Devo confessar que faz parte da minha natureza meter a boca nos técnicos do Palmeiras. Não seria diferente com o Caio Jr, que até se mostra um profissional promissor, apesar do pouco currículo e da imaturidade que demonstra em jogos decisivos.

O Palmeiras vem experimentando um gosto amargo nos últimos anos, muito em função dos professores que comandaram o clube, que foram trazidos pelos dirigentes incompetentes de sempre, diga-se. Ou alguém acha que nomes como Jair Picerni, Candinho, Bonamigo, Estevam Soares, Marcelo Villar e Celso Roth têm competência comprovada para comandar um time grande como o Palestra? São técnicos ruins, perdedores por vocação.

Mas voltando ao Caio Jr, na minha avaliação, ele tem dois grandes méritos no comando do Palmeiras: achou a posição do Michael e convenceu o Valdívia sobre a importância de fazer gol.

Cometeu – e vem cometendo – vários erros, no entanto. O mais grave de todos foi ter insistido com um esquema retrancado – de três zagueiros e dois volantes – no começo do Paulistão, quando deixou de ganhar vários jogos em casa. Antes disso, ele também errou nas indicações que fez ao clube – Pierre, Edmílson e Cristiano são jogadores normais, medianos, que chegaram com status de titulares. O planejamento equivocado para os jogos contra o Ipatinga também deve ser creditado ao técnico, que poupou o craque do time no primeiro jogo. Mas a prioridade não era a Copa do Brasil?

Caio Jr também revela uma incrível falta de visão sobre o jogo. Ele mexe muito mal. E sempre privilegia a entrada de volantes ou zagueiros, o que confirma sua faceta retranqueira. Observemos o caso do último jogo, quando o time tomou sufoco dos reservas (!) do Figueirense – Michael saiu machucado e ele recuou a equipe ao colocar o Makelele. Quase tomamos o empate num jogo fácil, que tínhamos a obrigação de ganhar. Muitas outras opções existiam naquele momento, mas o técnico preferiu colocar um volante contra um time ruim e que ainda estava com um a menos. Não dá para entender.

Torço para que o Caio Jr acorde e veja de uma vez por todas que ele, hoje, dirige um time grande, que precisa ganhar os jogos e fazer bonito. Gosto de sua postura centrada. Mas temo que a pouca experiência e a vocação defensivista que ele demonstra podem prejudicar o Palmeiras nos momentos de decisão, quando aspectos como ousadia e maturidade para vencer são fundamentais.

Bom começo

Não me iludo com esse bom começo no Brasileirão. Um teste importante será o jogo de domingo contra um São Paulo em iminente crise. Aliás, até que enfim os caras acordaram e viram que jogadores como Souza - que mais está para um palhaço de programas de auditório -, o Aloisio -um centroavante que não faz gol - e o Leandro - um atacante cujos principais méritos são poder de marcação e garra - só servem para times pequenos. E eles ainda estão reclamando que foram para a reserva! Não deveriam nem estar num time grande como o São Paulo.

Pintou o campeão

“E sobre os perturbados imporei dois moleques bons de bola, se o Dualib deixar.” – Ezequiel – I: 9-10.

O amigo leitor não deve saber, mas na Pré-História deste blog os cinco perturbados que o fazem trocavam e-mails às dezenas, diariamente, sobre futebol. O ir e vir de mensagens, porém, ganhava dimensões intangíveis, de tal sorte que poucos aspectos da vida humana deixaram de ser abordados ali – de poesia a pornografia, passando por manifestos revolucionários, planejamento de homicídios, teses filosóficas, enfim, sandices de toda a ordem, incluindo o advento da Escala Fareana de Avaliação, tudo em nome do enaltecimento ou do escárnio do ludopédio e de seus protagonistas mundo afora.

Uma das coisas que se tornaram tradição nessa correspondência alucinada era, a cada início de campeonato, esperar a oportunidade de, dependendo da performance do seu time, poder soltar a frase aí de cima, “Pintou o campeão”, o que soava, pelo menos para mim, como uma conquista antecipada -- de porcaria nenhuma, mas uma conquista sobre os outros.

Pois aqui no blog, com o Timão 100% em duas partidas (!), (re) inauguro, com gosto, o hábito. Outra sandice de torcedor, porque outro dia mesmo metia o pau na tal intertemporada e dizia que esse time se formaria ao longo do campeonato. Nessas duas partidas, entretanto, o Corinthians parece já ter um padrão de jogo, ilusão provocada certamente por William e Everton Santos que estão levando o time nas costas, sem demérito da defesa que ainda não foi vencida. Eu vejo assim.

Esses meninos e o goleiro Felipe podem fazer história no Parque São Jorge e aí mora o balde de água fria. O torcedor do Corinthians hoje tem paixão, mas também tem medo, porque não sabe se o ídolo instantâneo de agora vai estar no time daqui a seis meses.

A julgar pela reportagem da Folha do último domingo, a gente pode começar a se apavorar. As dívidas dos clubes com bancos, Rede Globo e sei lá mais quem transformaram o futebol brasileiro num grande refém que perece a céu aberto.

Resumidamente, a reportagem diz o seguinte: “Dez dos maiores clubes do país devem R$ 1,344 bilhão.

Dirigentes admitem que a situação os deixa acuados. A primeira opção dos cartolas é pedir adiantamentos à Globo, que detém a maior parte dos direitos de TV no país. Há também o apelo aos patrocinadores. Até o final de 2006, os dez times tinham recebido antecipadamente cerca de R$ 150 milhões dessa forma.

"A pendência financeira gera uma posição de fraqueza em qualquer negociação", afirma o vice de finanças do Corinthians, Emerson Piovezan. Entre os corintianos, as antecipações de rendas geram dependência com a Federação Paulista de Futebol, que emprestou R$ 7,9 milhões ao clube. Efeito colateral: complacência com arbitragens e com os contratos do Estadual. E não chia também com a CBF, a quem deve R$ 1,5 milhão.”

Incluído o imbróglio Nilmar, o Corinthians deve mais de R$ 100 milhões.

Pintou o campeão de dívidas e da má gestão.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Apollo, o Doutrinador

Em 1976 chegava aos cinemas um filme que viria a se tornar um clássico. Rocky, O Lutador apresentava o novato Sylvester Stallone no papel título, um boxeador que cresceu rápido no esporte, um símbolo do sonho americano, vencer na vida na terra das oportunidades. Sucesso automático de crítica e público que levou o nome de Stallone ao estrelato.

Mas o personagem mais carismático da produção pertencia a um pouco conhecido Carl Weathers, que interpretou Apollo, o campeão mundial dos peso-pesados. Apollo Creed era o sonho do público, um anti-herói querido dentro e fora dos ringues, tanto que no embate final, os produtores não tiveram coragem de dar a vitória ao garanhão italiano e os juízes decretaram empate. Nos filmes seguintes, Apollo volta como o catalisador da inspiração e garra que faltavam a Rocky para voltar a vencer. Ou pelo menos encarar de frente os adversários.

Pois bem, meus caros, toda essa introdução para dizer que falta ao São Paulo seu Apollo. A equipe perdeu a “pegada” desde a final da Libertadores de 2006. O Campeonato Brasileiro foi obrigação, não pela falta anterior, mas pelos concorrentes, já que poucos poderiam fazer frente a um time bem montado e que ainda se mantinha regular.

O Campeonato Paulista chegou e o espírito de luta acabou. Faltou mais uma vez na Libertadores e não se sabe o que será do Brasileirão. Falta ao time um líder, o velho e bom camisa 10. Nada contra Rogério, muito pelo contrário, mas ele está lá atrás e nem sempre pode ser ouvido.

Falta também uma liderança fora de campo. Muricy é um bom técnico, manteve as rédeas da equipe até onde pôde. E esse limite se deu com a chegada da diretoria e seu ultimato.

Não acredito que a troca de técnico prematuramente seja saudável, mas é provável que tenha chegado seu momento. E também o momento de buscar um jogador que pense, sim, que não corra tanto, mas que se posicione bem, que não chute de fora da área, mas que faça o passe mágico para o gol.

Alguém sabe onde encontrar um desses?

segunda-feira, 21 de maio de 2007

América de Natal só tem reservas

Qualquer santista iniciado há de concordar: com cinco jogos para conquistar o título mais importante pós-Pelé, o pofexor Luxemburgo está certíssimo na sua estratégia de preservar os titulares do Santos para a disputa da Libertadores.

Seria uma estupidez de primeira grandeza se arriscar a perder o recém-contratado Alessandro, único lateral-direito inscrito, ou Zé Roberto, craque do time, ou Maldonado, espinha dorsal da marcação...

Até aí, todos concordam. Porém, mesmo com tudo isso posto e entendido, é inaceitável perder para o América de Natal. O time reserva do Santos tem obrigação de ganhar do América-RN. O time sub-15 do Santos tem obrigação de ganhar do América-RN. Jogando na Vila Belmiro, então, até o time feminino tem obrigação de ganhar do América-RN por pelo menos dois de lambuja.

Não é bazófia nem arrogância tola. Certamente o time reserva do Santos ganha muito mais do que os titulares do Mecão. Aliás, titulares coisa nenhuma, o América-RN só tem reservas: o elenco é composto por 22 reservas. É só pangaré.

O que o time do Santos que entrou em campo contra o América não jogou é inaceitável. Mas o pior de tudo foi a falta de interesse mostrada. Em nenhum momento o time deixou de lado o futebol burocrático e pareceu, ainda que remotamente, interessado no jogo.

O que esses idiotas pensam que são? Quem lhes deu o direito de vergar nossa camisa com tamanho desfastio? Todos tem panca de titulares, ganham como titulares e mostram o desinteresse de craques consagrados que não aguentam mais a rotina de jogos. Mas são todos ilustres desconhecidos, que deveriam estar dando o sangue pela camisa que usam.

O Dionísio, que dizem ter recebido proposta do Milan, não acertou nada, um passe de cinco metros, sequer. O Carlinhos anda mascarado desde que foi pr’aquela bosta de time de amarelo sediada no Rio de Janeiro. O Adriano e o Vinícius foram medonhos, estavam errando até na hora de correr. O Jonas, sei lá, na hora que deveria agarrar a chance se esconde do jogo.

Pedrinho e Tabata, reservas com pinta de titulares, mostraram que só servem mesmo para compor grupo. Como protagonistas, foram inúteis.

Mas o pior foi a zaga. A defesa do Santos conseguiu tomar três gols de cabeça dos nordestinos. A altura média do América-RN deve ser 1,60m. Como pode tomar gol de cabeça desses caras??? O Domingos todos sabemos que é uma piada de mau gosto, mas o Marcelo, que até foi bem em outro jogos, afundou junto.

Enfim, a estratégia está correta, mas o Luxa precisa rever as ações e escalações. Se vai utilizar os titulares em parte do jogo, como tentou fazer contra o América-RN depois que a vaca tinha ido pro brejo, melhor começar com eles, fazer uma boa vantagem, e aí poupá-los. Porque se o time reserva vai continuar jogando com a falta de vontade e comprometimento com a camisa do Santos que vimos sábado, melhor nem entrar em campo.

História recente do Corinthians sem tró-ló-lós

Há soluções no futebol que são tão irritantemente evidentes que nos deixam pensando por que, diabos, ninguém as adotou antes.

Vejamos o exemplo do Corinthians. O clube vem há uma década se endividando, enrolando investidores, para comprar medalhões de salários milionários e formar times de estrelas. A estratégia muitas vezes funcionou, é bom que se diga, principalmente quando os parceiros enrolados eram o banco de pilantras salvo pelo Proer e o fundo de pensão Mickey Mouse & sei lá o quê.

Nessa época, a torcida não parecia preocupada com a dívida estratosférica que o clube começava a acumular, ou com a falta de controle do clube sobre seu Departamento de Futebol. Só queria saber de comemorar os títulos brasileiros de 98 e 99, e o Mundialito fake de 2000.

De um parceiro para outro, a dívida do clube foi crescendo, e a dificuldade de amarrar um investidor, aumentando. Tanto que, a cada novo contrato de parceria, o Corinthians precisou ceder um controle maior do seu core business, o futebol. A torcida continuava comemorando, vibrava com “o melhor lado esquerdo do mundo” e as palhaçadas de Vampeta.

Mas tudo o que vai mal sempre tende a piorar. O Corinthians escolheu como último parceiro uma empresa inexistente, fachada para lavagem de dinheiro da máfia russa – só que esse não é o tipo de parceiro que se consegue enrolar e continuar respirando.

Deu no que deu: contrataram meia dúzia de reforços com títulos podres de dívida e compraram um campeonato meia-boca, inclusive anulando jogos em que haviam sido derrotados. Assim que a investigação sobre as atividades da “empresa” ameaçou apertar, mandaram os principais ativos para o exterior. E quem no Corinthians, em sã consciência, ousaria peitar?

Assim o time ficou, desde a eliminação na Libertadores/2006, sem eira nem beira. A torcida, tomada por um ímpeto de moralidade e decência, começou a criticar a diretoria e cobrar transparência. A diretoria, sem dinheiro e com um contrato em vigência a lhe emperrar novas negociatas, fugiu para a Inglaterra para implorar liberdade ou alguns trocados.

Como vêem, o cenário era tenebroso.

Mas no futebol quase nada é definitivo. Sem recursos para buscar craques do quilate de Roger, Carlos Alberto, Gustavo Nery ou Sebá, o Corinthians teve de olhar para suas categorias de base para conseguir completar o time para os coletivos. E lá encontrou William, Lulinha, Marcelo Oliveira. Outros garotos desconhecidos, como Felipe, Zelão e o ótimo Everton Santos vieram do Bragantino quase de graça.

O Corinthians, como o São Paulo e o Santos, quase sempre se deu bem quando apostou em suas categorias de base. A obsessão por formar supertimes deve ter deixado esse potencial das pratas da casa esquecido.

Felizmente, a falta de dinheiro do clube nos permite redescobrir jovens talentosos e de fibra, que correm atrás da bola com a paixão que o torcedor espera. Não parece ser um time capaz de disputar títulos, claro, mas, para um time que começava o campeonato sendo apontado como candidato ao rebaixamento, a categórica vitória contra o Cruzeiro serve para mostrar que o Corinthians certamente estará mais próximo da outra ponta da tabela, para delírio do profeta Ezequiel...