sexta-feira, 22 de junho de 2007

Que os deuses despiroquem

“Os voluntariosos comprarão a Playboy da Ana Paula Oliveira” – Ezequiel, I, 9-10

Corinthians 1x0 Juventude; Cruzeiro 0x3 Corinthians; Corinthians 0x0 Atlético-MG; Santos 1x1 Corinthians; América-RN 1x2 Corinthians; Corinthians 0x0 Paraná.

Está aí. Com esta campanha em seis rodadas, o Corinthians é o segundo colocado do Nacional. Incrível. Uma vitória expressiva contra um time atolado em crise. Duas vitórias magras, dois empates sem gols e o empate contra o Peixe.

Por isso, só por isso, a torcida já ri à toa e tem jogador, como o bom goleiro Felipe, aparecendo na imprensa como herói. São só seis rodadas do primeiro turno.

Isso mostra também que os outros times estão perecendo.

No caso corintiano, sem querer me repetir, à gestão que não merece esse nome, ao elenco frágil soma-se o técnico retranqueiro que já mete os pés pelas mãos sem William. Agora vem de Dinelson, de quem eu, particularmente, gosto. Mas não vai resolver.

Aí você olha o restante do futebol brasileiro e só pode concluir que o esporte parece estar nos estertores. Três ou quatro coisas emblemáticas: o primeiro colocado é o Botafogo (!); a queda de braço da CBF com o Real para impedir que Robinho jogasse a final do Espanhol; os 5x0 do Boca sobre o Grêmio; a viagem de Dualib; e um outro louco aí achando que não é bom que a Ana Paula pose pra Playboy.

Tem uma coisa boa: o Senílson, encostado, está treinando no Palmeiras.

Mas tudo seria melhor se a coisa toda voltasse, num turbilhão, numa fissura do tempo, num despirocar divino, aos campinhos de operários românticos que só gostavam de futebol, para começar tudo de novo.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Bah, Porto Alegre é tribom

A tarde seguia preguiçosa na ensolarada, mas fria, sexta-feira, essa que acabou de passar. Cafés deliciosos e doces bem montados saíam a todo momento da cozinha e o entra-e-sai de mulheres elegantes era freqüente. Fiquei absolutamente inebriado. A cena que descrevi aconteceu no charmoso Café do Porto, em Porto Alegre. Um aviso: todo homem de bem deveria conhecer a capital gaúcha.

Porto Alegre tem fama de ser um celeiro de mulheres exuberantes, talvez as mais lindas do Brasil. E é exatamente na região do Café do Porto, precisamente na Rua Padre Chagas, onde se pode comprovar essa fama – justa, ressalte-se. Lá comecei a escrever esse modesto texto que segue.

De carro, e muito rápido chegar a qualquer lado de Porto Alegre. Uma ótima idéia é tirar um dia inteiro para desfrutar as belezas da cidade, que tem espírito cosmopolita, mas respira ares provincianos. Assim, valeu a pena dar uma passada no Mercado Público. A orla do rio Guaíba é um passeio que tem o seu valor. Mas foi especialmente bacana conhecer o Parque Moinhos de Vento, o Parcão. É admirável a freqüência dos encontros no parque, como também é incrível a quantidade de gente bonita que circula por lá. Muitas rodinhas se formam e dá-lhe chimarrão. Sortudo, acabei sendo apresentado à tradicional bebida dos pampas.

Eu sei, meu caro leitor, esse blog é sobre futebol. Vou chegar lá. A extensa introdução se fez necessária, tamanho o meu encantamento por Porto Alegre. Mas vamos ao que importa. Na capital gaúcha nasceu o imortal, o Grêmio Foot-ball Porto Alegrense. E pesquisando a história do clube, descobri um dado curioso: um paulista, é, um paulista como eu, foi um protagonistas da fundação do Grêmio.

Foi assim: os ingleses e alemães que jogavam nos times da cidade de Rio Grande foram convidados para uma exibição em Porto Alegre. No dia da partida, o campinho ficou rodeado de populares curiosos, entre os quais o paulista Cândido, com sua bola debaixo do braço.

Em dado momento, o imprevisto aconteceu. A pelota dos ingleses esvaziou-se. Cândido, então, prontamente, emprestou a sua, garantindo a continuidade do jogo. Como recompensa, ao final da partida, obteve dos jogadores as primeiras lições sobre futebol e, principalmente, deles ficou sabendo como agir para fundar um clube. A história do Grêmio começa a partir daí.

Pois não é que Candido formou aquele que seria um dos mais bacanas clubes brasileiros. O paulista aqui acompanhou, em Gramado, no interior do Estado, o primeiro jogo da final da Libertadores. Os gremistas espalhados pela cidade agiam como se estivessem no campo: não pararam de cantar um só minuto. Mandavam energia positiva para o time e xingavam – e muito – os colorados. O Grêmio, como sabemos, tomou de três, mas nem assim a torcida fraquejou. A postura era a mesma do começo da partida. Comovente, para um palestrino acostumado a xingar técnicos na primeira escalação equivocada e jogadores após o primeiro passe errado.

Pensei: “preciso conhecer o Olímpico”. E fui, mas, desavisado, cheguei ao estádio duas horas antes da partida contra o Cruzeiro pelo Brasileirão. O frio espantou a minha vontade de assistir ao jogo. As horas de espera me trariam certamente uma gripe. Decidi, então, voltar ao hotel, até que encontrei uma orientadora do estádio. Simpática, ela não só me deixou entrar para conhecer o campo, como me contou um pouco da história do clube. Impressionante também foi ver a multidão que se formou em torno do estádio – muitos gremistas, acampados em barracas, faziam fila para comprar o ingresso para a segunda e decisiva partida da final contra o Boca.

Considerando tudo o que eu contei, posso afirmar que Porto Alegre me encantou. Por diversos fatores: a cidade é limpa e interessante; a cidade respira futebol; e claro: as mulheres gaúchas são lindas.

Sendo assim, registro aqui a minha torcida para que hoje o Grêmio atropele o Boca, para alegria das minhas novas amigas que, gentilmente, me cederam um pouco do seu chimarrão e do meu parceiro de balada Luiz Felipe.

Bah, Porto Alegre é tri bom. Grêmio campeão!

terça-feira, 19 de junho de 2007

E as portas dos Céus se abriram

Leitores, futebolistas e curiosos, em meio a tantas barbaridades do nosso futebol, uma notícia chega como música a nossos ouvidos, ou melhor, um colírio... e bota colírio nisso.

Em mais um momento polêmico em sua carreira, desta vez Ana Paula Oliveira promete fazer a alegria dos torcedores. A auxiliar assinou contrato e será capa da edição de julho da Playboy. Em 2005, ela já havia posado para a revista Vip, onde deixou claro, ou nem tanto assim, sua competência.

Depois de sua atuação duvidosa na semifinal da Copa do Brasil, quando anulou dois gols do Botafogo contra o Figueirense, Ana Paula andava em baixa. Foi afastada da série A do Brasileirão pela comissão de arbitragem e só estava dando a graça em jogos de menor importância pelo interior.

Ana Paula nunca escondeu o sonho de participar de uma Copa do Mundo. Da última vez em que fez fotos sensuais, foi afastada do quadro da Fifa, que não incentiva o exibicionismo entre seus profissionais. Na época, contou com apoio da CBF, que apelou em seu favor. A entidade máxima do futebol consentiu, mas avisou que aquela fora sua última chance.

A esperança da bandeirinha agora reside em suas fotos. Ou pelo menos o quanto elas irão agradar os dirigentes. Quem sabe até a diretoria do Botafogo não perdoa a moça.

Afinal de contas, quem não perdoaria?



Começou de novo: STJD tira mando do Santos

Nesta terça-feira, o Santos foi julgado por causa de um tênis que foi arremessado no gramado da Vila Belmiro durante o clássico com o Corinthians, no dia 3 junho, e perdeu o mando de uma partida. O Peixe foi denunciado no artigo 213 do CBJD - desordens em sua praça de desportos.

Quem viu o jogo e conhece minimamente a distribuição das torcidas na Vila Belmiro sabe que o tênis foi jogado pela torcida corintiana, mas o Corinthians sequer foi colocado no processo. Com isso, a partida entre Santos x Grêmio, marcada para o dia 30 de junho, não deve acontecer na Vila Belmiro.

Mais uma vez, o clube será punido injustamente por uma atitude que não foi da sua torcida. Mais uma vez, as autoridades incentivam o comportamento de vândalos adversários. O recado está dado: "vá à Vila e faça baderna, que o punido será o Santos".

Pergunto: o Inter foi punido quando gremistas queimaram os banheiros químicos no Beira-Rio? O São Paulo foi punido quando corintianos incendiaram um almoxarifado sob as arquibancadas do Morumbi?

Por que só o Santos é punido pelo comportamento inadequado das torcidas adversárias na Vila Belmiro? Será que o STJD ou a CBF não querem que o Santos mande seus jogos lá?

Tudo o que peço é isonomia no tratamento. Será muito?

segunda-feira, 18 de junho de 2007

O choro dos outros

Não existe nada mais subjetivo do que a dor. Como podemos avaliar o que o outro realmente sente, mensurar seu sofrimento? Quem pode dizer com segurança que seu padecimento é menor do que o nosso? Nossa finitude não o permite. Somos todos prisioneiros dentro de nossas próprias peles.

Dentro dessa limitação, o que podemos fazer é apenas projetar como imaginamos que sentiríamos o contexto pelo qual o outro está passando.

Quarta-feira, 30 de maio de 2007: Grêmio e Santos se enfrentam no Olímpico pela primeira partida das semi-finais da Libertadores. O jogo segue equilibrado, com uma chance de gol para cada lado, até que o árbitro argentino inventa pênalti de Ávalos. Tcheco converte, e o Santos desaba. Daí em diante, o Grêmio reinaria absoluto no jogo.

A diretoria e comissão técnica do time gaúcho ironizaram as reclamações santistas em relação ao pênalti – que, ao fim dos 180 minutos, seria decisivo para a classificação do Grêmio. “Choro de perdedor”, disse o presidente gremista Paulo Odone.

Quarta-feira, 13 de maio de 2007: Boca e Grêmio se enfrentam em La Bombonera pela primeira partida das finais da Libertadores. O Grêmio domina territorialmente, até que o trio uruguaio validou gol de Palácios em impedimento. O time gaúcho foi refluindo no restante do primeiro tempo e viu o céu desabar sobre sua cabeça no segundo, com o Boca matando o jogo como quis.

Os gremistas reclamam muito da interferência da arbitragem. Será choro de perdedor?

Nada como um dia após o outro...

Chinelada da semana

Vou ter de botar força no braço para arremessar a Havaiana desta semana: ela vai precisar cruzar o Atlântico e atingir em cheio a boca de Ronaldinho Gaúcho, lá no Camp Nou.

Este fim de semana refletiu bem o desempenho do pseudo-craque nas últimas rodadas do espanhol: teve atuação opaca na inútil goleada do Barça, onde apenas viu Messi brilhar. A perda do título espanhol para o rival de Madri, depois de ter conseguido abrir 10 pontos de vantagem, é o epílogo justo para um ano tétrico do dentuço.

Depois de naufragar com a seleção na Copa da Alemanha, Ronaldinho foi inócuo em campo no Mundial conquistado pelo Inter e teve participação apagada na eliminação na Copa dos Campeões. De unanimidade absoluta no início de 2006, Ronaldinho passou a ser duramente criticado por torcedores da seleção e do Barça, que o taxaram de mercenário.

Quanta injustiça.

O erro foi imaginá-lo um supercraque, coisa que nunca foi. Ele apenas é um malabarista, produto dos efeitos especiais dos comerciais da Nike. E ficaria melhor num circo do que no gramado.