sábado, 1 de setembro de 2007

Parabéns, Corinthians

Parabéns ao Corinthians e aos corinthianos pelos 97 anos. Poucas vezes na História – da humanidade – uma agremiação, seja lá de que natureza, conseguiu criar uma aura de paixão como a que se ergue acima do distintivo do Corinthians, a iluminar as estrelas das suas conquistas e aos milhões de súditos que se espraiam por todos os continentes. Essa história seguirá, que ninguém duvide.

Com mais ou menos empolação, é o que o torcedor tem a dizer e fazer por acontecer: louvar tudo o que o time já fez e alimentar, com esse combustível inigualável, as glórias futuras.

No presente, o que se desenha é uma lacuna na história do clube. Um lapso a ser esquecido. Passe-se uma borracha nesses tempos. E vamos em frente.

O notável antropólogo e escritor Darcy Ribeiro disse uma vez que daqui a 5 mil anos só o que será lembrado serão monumentos da dimensão de Da Vinci, Michelangelo, Darwin, Picasso e do seu amigo Oscar Niemeyer, donos de criações tão importantes para a raça humana que as diluições da História não seriam capazes de apagar.

Que a lógica se aplique à História do Corinthians. Essas pequenezas de agora não devem ser lembradas no futuro, nem em nome do saudável exercício de se reconhecer os próprios erros. Não são erros dos torcedores ou de quem construiu o Corinthians por este quase século. São crimes de quem está condenado a não outra coisa se não ao exílio mesmo do esquecimento absoluto.

Parabéns Corinthians, com muito orgulho.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

E depois eles reclamam

Goleiro reserva Bosco é agredido por 15 torcedores adversários

Bosco, goleiro reserva do São Paulo, foi agredido por torcedores enquanto caminhava do vestiário até o ônibus do time. O jogador diz ter sido cercado por 15 palmeirenses, que lhe acertaram um chute na perna. "Todo mundo viu", disse Bosco. "Fui sair do vestiário achando que nada ia acontecer. De repente, fui cercado por 15 torcedores, foi uma cena terrível."

O goleiro reclamou que não havia proteção adequada. "Eles me chutaram, eu bambiei e não caí", relatou. "Não esperava esse tipo de atitude da torcida do Palmeiras", emendou Bosco.

***

É o segundo goleiro do São Paulo que bambeia em três meses. Houve alguns outros jogadores bambiando por lá também, mas esses preferem esconder o jogo.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Fora Caio Junior!

O texto que segue começou a ser concebido às 22h22. O São Paulo ganha do Palmeiras dentro do Palestra. Obviamente não sei qual será o placar final do jogo. Mas é deprimente ver que o Palmeiras, celebrado como um dos principais times do País, virou um timinho de terceira divisão nas mãos desse técnico covarde.

O Gilson, querido palestrino, e o Caiçara são testemunhas. Ao sair do escritório, hoje, comentei que a escalação do Caio Junior – com três zagueiros e três volantes – mataria o Palmeiras. Não precisa ser nenhum gênio para concluir isso. Esse técnicozinho montou um time sem atacantes para enfrentar a melhor defesa do campeonato. É isso mesmo. O Edmundo, atualmente, é um jogador cerebral, lento, arma o jogo, é meia. O Valdívia também é um meia, mais avançado, com mais velocidade, mas ainda um meia. Pois não é que o Caio Junior armou o Palmeiras como um timinho de várzea, sem qualquer atacante para incomodar os três – bons – zagueiros do São Paulo?

Não sei se o Palmeiras vai virar o jogo. Acho difícil. É uma pena. Seria a chance de embolar o campeonato e dar uma certa alegria para a torcida, que está cansada de tanta incompetência e tanta covardia.

Não custa lembrar: com o Caio Junior, o Palmeiras perdeu a classificação no Paulista em casa, perdeu a Copa do Brasil em casa e cumpre campanha razoável no Brasileirão jogando como um timinho de terceira divisão. Por tudo isso e, mesmo que o Palmeiras vire esse jogo contra o São Paulo, o Caio Junior tem que sair. É vergonhosa a maneira como ele vem tratando a camisa do Palmeiras, que tem vocação para brilhar e não para se comportar como um timinho pequeno, medroso e covarde.

Fora Caio Junior!

A culpa não é da torcida

O Palmeiras faz campanha apenas razoável no Campeonato Brasileiro. Em pontos perdidos, figura hoje no quinto lugar – estaria classificado para a Sulamericana, o que, convenhamos, não significa muita coisa.

Os desavisados vão pensar: o time só não faz campanha melhor porque está bobeando dentro de casa. É fato. E por que estão bobeando em pleno Palestra? Ah, é claro, é a torcida que pega no pé dos jogadores e não os deixam jogar com tranquilidade. Besteira. Não é justa – nesse momento e pensando nesse campeonato – a fama de bandida que insistem em atribuir à torcida do Palmeiras. É um raciocínio simplista, baseado numa percepção descolada da realidade atual.

O Palmeiras de hoje joga mal em casa porque é limitado tecnicamente e, além disso, joga com base num esquema mais defensivo, em que o contra-ataque é a – única – e melhor estratégia. Ou seja, os adversários se fecham, marcam em cima os melhores jogadores (Edmundo e Valdívia) do Palmeiras e o time fica sem saída – não tem banco e nem técnico competente para mudar o desenho do jogo.

A torcida, no entanto, vem fazendo a sua parte. Vejamos alguns casos: contra o Vasco, o time estava tomando de dois em casa e a torcida estava apoiando, tanto é que o Parmera teve forças para virar o jogo nos últimos 15 minutos da partida; contra o Santos, perdendo novamente em casa, a torcida também jogou com o time e o Palmeiras achou um gol no final, chegando ao empate; contra o Flamengo, lotamos o estádio – inclusive eu, que havia muito tempo não aparecia por lá –, mesmo depois de vários tropeços seguidos em casa. Mas os desavisados vão insistir: e no jogo contra o Cruzeiro, por exemplo? Pô, o time perdeu do até então saco de pancadas do campeonato e a torcida tem que aplaudir? E contra o Sport, com dois a mais, e ainda conseguiu perder e a torcida tem que achar legal?

Enfim, é bobagem atribuir à torcida uma culpa que ela não tem. Os palmeirenses, na minha avaliação, estão mais pacientes do que deveriam, inclusive. Suportam uma diretoria incompetente, que não honra seus compromissos em dia. Suportam um técnico de time pequeno, que só sabe jogar com três volantes ou três zagueiros. Suportam o Dininho (mentiroso), o Rodrigão, o Max, o Luis, o Leandro, o Pierre, enfim um bando de jogadores medianos. E suportam uma fila de oito anos sem títulos importantes.

É bom deixar claro que quando me refiro à torcida, não estou tratando o caso individualmente – os amendoins, as organizadas.... estou me referindo à torcida como um todo, que vem apoiando, sim, esse time, que hoje, como já pontuei, estaria classificado apenas para a Mercosul.

É hoje

Jamais acreditei que o Palmeiras pudesse ser campeão do Brasileiro. E continuo não acreditando. Mas o time poderá me mostrar o contrário nos próximos três jogos, exatamente contra os três primeiros colocados do campeonato (São Paulo, Botafogo e Cruzeiro).

Mais importante ainda é bater o São Paulo em casa hoje. O Palmeiras tem obrigação de vencer. Deve isso aos torcedores. Os jogadores também merecem essa vitória – jogam, correm e as contrapartidas de remuneração nem sempre aparecem...

No mais, registro aqui os meus parabéns pelos 93 anos de uma história gloriosa, repleta de títulos e de craques. Eu te amo, Palestra!

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Inês é morta

Neste fim de semana, o Santos enfim venceu com momentos de muito bom futebol.

Já o comecinho foi animador, botando pressão na saída de bola, me fez lembrar dos bons momentos de 2004. Mas foi só pra dar um gosto.

O jogo logo caiu numa modorra e estava horrível até os 20', mais precisamente até a bola sobrar pro Pet, livre, na intermediária, de frente pro gol. Pet livre de frente pro gol? Gol, claro.

Aí o Santos resolveu jogar um pouco. Marcos Aurélio desperdiçou um bom ataque chutando mal, e em seguida Rodrigo Souto fez um lançamento brilhante para Kléber Pereira, mais brilhante ainda, tirar o zagueiro pra dançar e fuzilar. 2 a 0.

"Agora vai", pensei. Foi nada. Desacelerou de novo, esperando o intervalo.

Fosse o Luxemburgo de antigamente, teria dado uma senhora carcada no time no intervalo, e todo mundo ia voltar ligado, pra enfiar 6, 7, 8, quantos fossem possíveis.

Parecia que isso tinha acontecido. Um desarme do Adaílton virou chutão, que virou lançamento de voleio do Pet (com a bola no pé, ele desequilibra mesmo, reconheço) pro Kleber Pereira invadir a área sozinho. Kleber Pereira, sozinho na área? Gol. Quer dizer, golaço, por cobertura.

"Agora vai", pensei. Foi nada. Desacelerou de novo, o time trocando passes, esperando o jogo acabar. Mais de uma vez, um jogador do Santos recebeu a bola parado e parado ficou, esperando a marcação chegar para só então tocar. Vontade nenhuma.

"Agora o Luxa mexe no time pra dar uma sacudida", pensei. Mexe nada. Só tirou o Souto que sentiu uma dorzinha pra poupar, botou o Adoniran, e nada mais.

Complacente com a malemolência do time, só foi botar o Tabata no lugar do Vítor Júnior (fraca atuação) perto dos 30. Pouco depois, Renatinho no lugar de Marcos Aurélio, que perdera outro gol fácil.

Tanta preguiça foi castigada: o Santos conseguiu tomar o quarto gol de cabeça do América-RN em dois jogos. Um doce para quem adivinhar qual zagueiro recuou para a direção do gol no cruzamento, dando condição ao atacante adversário.

Pelo menos o gol teve um lado positivo: acordou o time, que ainda chegou ao quarto, com Renatinho e Pet tramando na esquerda e o sérvio servindo (trocadilho ruim) Tabata, que marcou de cabeça. Gol de cabeça do Tabata é quase tão patético quanto tomar 4 gols de cabeça do América-RN.

Enfim, apesar de não ter sido uma partidaça do Santos, o tive teve vários lampejos de inspiração, principalmente de Pet e Kleber Pereira, inspiradíssimos.

Pelos que foi apresentado, daria até pra brigar pelo título em igualdade de condições com São Paulo e Cruzeiro.

Mas, tal qual a coroação de Inês de Castro, o time de Luxemburgo demorou demais a ficar pronto.

Agora é tarde...

Chinelada da semana

A chinelada desta semana é simbólica. Elegi Kléberson, ex-quase-reforço do peixe para o restante do certame, para levar a borrachada virtual, mas a carapuça, como o leitor há de perceber, serve para muitos.

Por meio da advogada Gislaine Nunes (sempre ela) e seguindo “conselhos” do empresário Marco Antônio Silva, Kléberson ingressou na Fifa em abril deste ano cobrando rescisão contratual do Besiktas, alegando dívidas superiores a 3 milhões de euros, entre atrasos salariais e outras obrigações contratuais que não teriam sido cumpridas. O time da Turquia, por sua vez, alegou à entidade ter depositado parte da pendência na Federação Turca e exigiu punição rigorosa ao atleta, que se afastou das atividades do clube, caracterizando abandono de emprego.

A Fifa deu ganho de causa ao clube turco na última sexta-feira e condenou o jogador, titular da seleção pentacampeã em 2002, a indenizar o Besiktas em € 3,18 milhões (cerca de R$ 8,4 milhões), suspendendo (ao menos) o acerto dele com o Santos.

Inconformado com o posicionamento da Fifa, o procurador do meio-campista sugeriu até mesmo um retorno do atleta ao clube turco na tentativa de evitar o pagamento da indenização, hipótese descartada pelo Besiktas.

Essa decisão, que indiretamente prejudica meu clube do coração, deve servir de sinal para atletas e clubes.

Para atletas, porque mostra que a liberdade com o fim do passe não significa libertinagem de bordel; que as assinaturas em contrato continuam valendo e quem desrespeita o que acordou, como Kléberson, está sujeito a punições. Já era mais do que hora de uma resposta dura a atletas e seus parasitas (empresários, advogados, etc.) que transformaram os clubes em reféns desde o caso Bosman (na Europa) e o advento da Lei Pelé (no Brasil).

Para clubes, porque mostra que há uma predisposição hoje na Fifa para coibir a mudança tresloucada de equipes que assola o futebol, descaracterizando as entidades, acabando com os ídolos, fazendo minguar o interesse dos jovens ainda não seduzidos por uma camisa.

Da parte deste caiçara, fico matutando qual teria sido a punição imposta a Robinho, que abandonou o Santos em meio ao campeonato para forçar sua transferência para o Real...

Mas sei lá se a decisão do tribunal seria a mesma se o beneficiário fosse um clube europeu.