quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Troféu Animal

Para inaugurar outubro, o Troféu Animal está de volta. E desta vez não há miséria, tem “patada” para dar e vender. A primeira delas vai para este interlocutor, que ousou passar um mês afastado, e nenhuma justificativa estará à altura dos poucos, mas fiéis leitores.

E o nosso futebol tem nos provido pérolas de inabilidade, ou melhor, de habilidades não muito enobrecedoras. Vide o exemplo de Hugo, do São Paulo. Xingamentos e uma cusparada lhe renderam uma punição de dois jogos e 120 dias de suspensão, num momento crucial para o time, que busca manter a vantagem no Brasileirão e avançou para as quartas-de-final da Sulamericana. Mas no caso dele, ficar de fora é vantagem competitiva para o Tricolor.

Obina, o “craque” do Flamengo, segue pela mesma linha. Aguarda julgamento de recurso pela pena de 120 dias de suspensão anunciada pelo Supremo Tribunal de Justiça Desportiva, após cotovelada certeira no zagueiro Índio, do Internacional.

Outro que teve a reputação abalada foi o brasileiro Luiz Felipe Scolari. Em partida entre Sérvia e Portugal, no último dia 12, pelas eliminatórias da Euro 2008, o técnico lusitano desferiu um soco no rosto do zagueiro Dragutinovic. Foi suspenso por quatro partidas pela Uefa. A peleja já se encaminhava para o final quando o atleta sérvio se postava para cobrar lateral próximo ao banco de reservas português. Uma discussão teve início e o sérvio dirigiu-se a Felipão com dedo em riste, que logo teve qualquer argumento refutado com o direto.

A atitude gerou muita revolta entre os jogadores da Sérvia, que tentaram tirar satisfação com Scolari, mas os compatriotas portugueses amenizaram a situação e o árbitro encerrou a partida na seqüência. Portugal vencia a partida até os 41 minutos do segundo tempo, quando Ivanovic empatou, em posição irregular.

Já o atleticano Coelho se diz surpreso pela pena imposta pelo STJD. Como já retratado neste blog, o lateral-direito não perdoou o rival cruzeirense Kerlon, no clássico mineiro, durante a exibição do consagrado drible da foca. Há quem defenda “O Vingador” do Galo, há quem prefira a jogada de efeito, mas poucos concordam que a melhor forma de interromper o malabarismo seja a blitz, movimento comum no futebol americano.

Todos merecem, indubitavelmente, o Troféu Animal. Para encerrar, dedico ainda algumas linhas para homenagear o zagueiro santista Antônio Carlos. O atleta é o único a ganhar títulos estaduais por todos os quatro grandes clubes de São Paulo. Além de seis Campeonatos Paulistas, venceu quatro Brasileiros, uma Copa Libertadores da América e um Mundial. Em entrevista para a Gazeta Esportiva, ele se diz às vésperas da aposentadoria.


E diz mais, fala que se considera um dos três defensores mais técnicos nos últimos 20 anos(!). Raça, força física, agressividade e pontapés para todos os lados. Melhor parar por aqui... Pelo conjunto da obra, Antônio Carlos é hors concours do Troféu Animal.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Recall

A Associação de Camelôs da Rua 25 de Março e Adjacências convoca todos os proprietários de camisetas do Corinthians nas quais conste estrela de campeão brasileiro 2005 para substituição por uma atualizada (sem a estrela garfada...).

Para compensar o transtorno, será oferecido um vale churrasco grego + copo de suco artificial a ser retirado em qualquer boteco das proximidades...

(ah, perdoem, mas a piada é boa...)

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Técnicos, uma lenda urbana

Essa é pra cutucar o palestrino: um dado do atual Campeonato Brasileiro demonstra de forma cabal a ineficácia da mudança da comissão técnica como artifício para se buscar um melhor desempenho.

Dos 21 técnicos que assumiram postos ao longo da competição, 15 (71,4%) levaram seus times a posições iguais ou piores que seus antecessores. As exceções são:

- Joel Santana, do Flamengo;
- Gallo, do Figueirense;
- Geninho, do Sport;
- Roberto Fernandes, do Náutico;
- Ney Franco, do Atlético Paranaense;
- Bonamigo, do Goiás (que assumiu na segunda rodada e foi demitido na 26ª).

Mais uma evidência de que o cargo é supervalorizado pela mídia e torcedores, mas no fim das contas, o que vale mesmo é a qualidade do elenco. A malhação dos treinadores, na maior parte das vezes, é apenas um exercício de vudu - encorajado por diretorias incompetentes - para personificar o fracasso e tentar exorcizá-lo.

Chinelada da semana

A havaiana desta semana vai no elenco da Estrela Solitária. A eliminação do Botafogo da Copa SulAmericana para o River Plate, na última quinta-feira, em Buenos Aires, merece ser elencada como uma das maiores pipocadas da história do futebol.

Após vencer o jogo de ida por 1 a 0, o Botafogo foi para a Argentina com a vantagem do empate para avançar às quartas-de-final da Copa SulAmericana. O time carioca saiu na frente, com Lúcio Flávio, mas cedeu o empate após expulsão do meia Zé Roberto, gol de cabeça de Falcão. No segundo tempo, o River teve um homem expulso aos 12, igualando os jogadores em campo, e o Botafogo marcou novamente, aos 20, com Dodô, o que obrigaria o River a marcar mais três gols nos pouco mais de 25 minutos restantes. A situação ficou ainda melhor após as expulsões de outro jogador do River: aí era o Botafogo quem tinha um homem a mais.

O time vencia até os 29min do segundo tempo, quando Falcão chutou de longe e Max falhou, empatando o jogo. O Botafogo sentiu.

Nos 18 minutos seguintes, drama. Aos 34min, Ríos fez o terceiro e o desespero veio. Finalmente, o timecedeu a virada para 4 a 2, aos 47min: novamente, Falcão de cabeça. Inacreditável.

A furiosa reação da torcida botafoguense veio. Calcinhas e pipocas foram atiradas em direção ao grupo durante o desembarque. Depois, a torcida compareceu ao treino em General Severiano, e começou o protesto lançando pipocas no campo de treino. Revoltados, os torcedores invadiram a área destinada à imprensa e quebraram mesas e cadeiras, atirando os objetos em direção aos seguranças do clube.

Ainda sob os efeitos da vergonhosa eliminação para o River Plate na SulAmericana e da calorosa recepção da torcida, o Botafogo, que estreava o técnico Mário Sérgio, foi novamente apático, ontem, no Maracanã, e acabou sendo derrotado pelo Goiás por 3 a 0.

Depois de ser quase campeão carioca, quase finalista da Copa do Brasil e quase eliminar o River Plate, o time quase sem coragem vai ficando quase fora da Libertadores.

Praga de santista é fogo, gente.