sexta-feira, 15 de junho de 2007

A imprensa baba, o SP capitula, a CBF agradece

A imprensa babona adora dizer “Ah, a diretoria do São Paulo isso, Ah, a diretoria do São Paulo aquilo”. Supostamente, a diretoria do clube seria “diferente” do resto (no bom sentido, por favor), quer dizer, destacaria-se em meio à patifaria reinante entre a cartolagem. Isso se reflete na cobertura que o time recebe, principalmente nesses programas opinativos, com seus locutores/apresentadores leitores de merchan - houve uma grande choradeira quando Ricardo Teixeira, o eterno (no mesmo sentido que o Dualib, ou seja...) presidente da CBF, disse que o Morumbi estaria fora da Copa por não se adequar às especificações da FIFA.

Bem, em primeiro lugar, detesto concordar com o RT, mas não se adequa mesmo. Qualquer um que já viu jogos lá sabe, pombas: você tem que andar uns dois quilômetros (quatro, ida e volta) se quiser deixar seu carro num estacionamento decente; o mesmo quando for de metrô; aquelas cadeiras de madeira estão todas podres; os banheiros são mais do que imundos (embosteados talvez seja a melhor definição); e de quebra você corre o risco de ter que topar com o Henri Castelli. Por aí, se vê que muita coisa precisa ser feita antes de o estádio poder ser considerado para a Copa.

Agora, o jornalista Fernando Rodrigues, em seu blog, fornece, sem saber, a maior prova de que Juvenal Juvêncio & Cia. são iguaizinhos ao resto (bem, quase – o Dualib é pior, bem pior): Ricardo Teixeira, o atual presidente da bambizada e Marcelo Portugal Gouvês, o ex, foram juntinhos dar um oi para o presidente Lula. Este último, inclusive, agora chama RT de “meu querido Ricardo” - uma mudança grande desde o discurso moralizatório da primeira posse em relação ao futebol.

Segundo Rodrigues, agora o São Paulo (certamente de olho na Copa, digo eu) vai apoiar RT para a reeleição na CBF, em julho. Que palhaçada. Há três meses esses mesmos Juvenal Juvêncio e Marcelo Portugal Gouvêa esperneavam na imprensa contra a CBF. Aposto uma unha comida que o Ricardão também já se esqueceu de como o Morumbi é uma bosta, e já aceita incluí-lo na Copa.

Depois, nós é que somos politicamente incorretos. O que dirá agora a imprensa babona?

quinta-feira, 14 de junho de 2007

A lógica da paixão

“Os voluntariosos gozam sem relaxar.” – Ezequiel, I, 9-10

Com o perdão do lugar-comum, as paixões são fugazes. Elas fragmentam o que pode ser eterno, dilaceram o tempo, trincam as vidraças frágeis das construções mentais que se pretendiam cerradas e protegidas. Brindam-nos – se quisermos – com a apoteose do instante, com o veludo da carícia escorregadia, com a centrífuga vertiginosa do gozo. Gol!

Gol? Claro, gol é gozo, futebol é prazer, é paixão (este um alqueire-comum) e é pra falar de futebol que estamos aqui. Essa enganação aí em cima é pra dizer que, como o Don, falei das coisas do amor dois dias depois do Dia dos Namorados.

Serve também pra explicar que as coisas no futebol são de momento e a paixão que o envolve – nuclear, posto que praticada por milhões – ergue e destrói coisas belas, não respeitando boas ou más gestões. Se assim não fosse, aquele Real Madri de Luxa, Zidane, Figo e Robinho teria ganho alguma coisa. É um outro emaranhado de coisas que resultam no ápice do esporte. As paixões vêm para confundir.

Se São Paulo, Santos (Palmeiras não digo), Inter ou outro desses clubes ditos bem geridos tivessem no elenco os laterais Eduardo Ratinho, Edson e o recém-contratado Pedro e fossem pôr um deles à venda, certamente este seria o Edson e não haveria paixão, gritaria que mudasse isso. Zero à esquerda que joga pela direita, Edson mostra a todos aquilo que é uma obviedade solar: trata-se de uma genuína bosta. Mas o Corinthians põe o Eduardo Ratinho à venda. Pela lógica do momentâneo, da paixão, é possível que o mesmo ocorresse aos três adversários citados no início desse parágrafo, até porque eles parecem viver um espasmo de gestão Dualib. Mas no Corinthians a coisa é inquebrantável. Fazer o certo ali parece ser coisa oculta em alguma ciência ainda não descoberta. E vamos nós, os mais apaixonados dos torcedores, sofrendo sem fim.

Afinal, em qual outro time o presidente passa 41 dias (hoje) na Europa sem dar satisfação do que está fazendo? Qual outro time tem um interino por nome Nesi Cury que diz que o clube não está tão endividado, quando está devendo R$ 100 milhões?

Se manter ou vender o Eduardo Ratinho pode ser um detalhe, basta refletir sobre o quadro acima e observar o time que está disputando o Nacional para saber que negociar este que é um lateral mediano passa a ser automaticamente outra grande bobagem perpetrada no Parque São Jorge. Os caras vão vender pra fazer caixa? Então o time está precisando de dinheiro.

Bola pra frente, um jogo por vez. Riquelme no Timão.

terça-feira, 12 de junho de 2007

A paixão pela gorducha dura pra sempre

Hoje, Dia dos Namorados, é uma data que pouco tem a ver com futebol. Salvo um ou outro relacionamento que surgiu nas intermediações de algum estádio ou campinho, o futebol é a causa de celeumas, principalmente às quartas e domingos. E ai daquela esposa ou namorada que ousar interferir no horário sagrado.

Pensando bem, um dia isso já foi verdade. Hoje, o futebol brasileiro não é o mesmo de cinco anos atrás. A qualidade e apelo não se sustentam e o espetáculo está comprometido. Seja pela falta de craques, seja pelo próprio desporto.

Acredito que a única torcida realmente feliz seja a do Grêmio, e sabe-se lá se isso irá durar até o final do ano.

Enquanto isso, todos nós, a maioria da pátria de chuteiras, amarga altos e baixos de humor, deixando os sentimentos nas mãos e cabeças de técnicos burros e nas canelas e bicos das chuteiras de pretensos jogadores de futebol.

Pior do que nós torcedores, quem mais sofre é a bola, maltratada por aqueles que deveriam cuidar dela com o máximo carinho. Lembro da minha primeira bola de capotão, parecida com essa acima. Jogar futebol com ela no asfalto da rua, nem pensar. Ela era digna da quadra da escola, do piso encerado do clube, onde aquele couro prometia durar para sempre.

Ela não durou, mas outras vieram em seu lugar. O importante era que nunca faltasse o item mágico, o brinquedo da criança. O campo podia mudar, mas a gorducha estava lá.

No último final de semana, acompanhei os jogos de vôlei da seleção. Lembrei de um certo Palestrino. Tempos atrás, ele nos deu uma aula sobre o esporte. Eu já gostava e agora passei a assistir com outros olhos. Vale a pena ver a vontade dos atletas e observar as táticas e jogadas.

Preferi não acompanhar o futebol. Desisti de ir ao estádio. Acho que fiz bem. Não pela derrota, isso faz parte, mas me nego a assistir novamente o Souza em campo... Pelo menos posso assistir as partidas de vôlei em boa companhia.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Chinelada da semana

Precisei encomendar um lote inteiro das legítimas para meu homenageado desta semana. Que chovam Asbaianas na cabeça de Wanderley Luxemburgo por 365 dias.

Não é só pela eliminação diante do limitado Grêmio de Patrício, Lúcio (“seu vagabundo/ é o pior lateral do mundo”), Teco-Tcheco e Diego Souza que estou irritado, embora isso fosse mais que suficiente.

Suficiente, não surpreendente: como aconteceu em todas as outras Libertadores das quais o técnico participou, seu time foi desclassificado por um adversário tecnicamente inferior. Evidência inequívoca da sua falta de capacidade para comandar uma equipe vencedora nesse torneio.

Eu quis esperar passar o período de auto-indulgência depois da dolorosa eliminação de quarta-feira passada, quando o sentimento predominante ainda era de orgulho pelo brio demonstrado pelo time neste segundo jogo das semifinais da Libertadores, para falar sobre o jogo. Se escrevesse quinta ou sexta, eu estaria falando com o coração, não com a cabeça.

Cabeça fria, fica o óbvio: o Santos não perdeu a classificação na Vila. A derrota veio uma semana antes, no Olímpico, quando comissão técnica e jogadores se acovardaram (ou se acharam muito superiores). O regulamento da competição, como eu alertara antes, é muito cruel com quem é covarde fora de casa.

Mas qual a surpresa em Luxa ser covarde fora de casa, afinal? No ano passado inteiro, o Santos não venceu nenhum – repito: NENHUM – jogo atuando fora do Estado de São Paulo. O Luxa vem sendo covarde faz tempo... se mantiveram-no no comando, só poderiam ter um time frouxo.

No jogo da Vila, Luxa inventou. Por que ele, que sempre escalou Ávalos ou Marcelo ao lado de Adaílton, resolveu colocar Domingos como titular justo contra o Grêmio? Ele estava na cobertura e tomou uma caneta no lance que originou o gol. Isso sem falar em Podrinho, cisca-cisca resgatado do esquecimento pelo Luxa, que nada de produtivo fez na Vila até hoje...

O lance do gol do Grêmio na Vila merece um comentário à parte. Ontem, o time tomou um gol no Beira-Rio da mesmíssima posição, com o jogador (Alexandre Pato) igualmente livre. É evidente a falha recorrente no sistema de marcação: sem Maldonado em campo, ninguém marca a segunda bola.

Lembro de um Luxa corajoso, que lançava seu time ao ataque e doutrinava atletas a buscarem goleadas, que exigia bons jogadores e falava grosso quando o clube se negava a contratar, que enxergava em atletas desconhecidos potencial para craques.

Agora esse Luxa busca o zero a zero fora de casa, contenta-se com qualquer reforço iratiense indicado por um amigo e aposta em Domingos e Pedrinho. Pra completar, só falta pensar como iratiense, contentando-se com um quinto ou quarto lugar no Brasileiro.

Luxa virou técnico de time pequeno. Pode ir para o Palestra, onde o Paulistinha é tratado como Copa do Mundo.

Eu quero a Libertadores.

domingo, 10 de junho de 2007

Técnico burro, time idem

O palestrino galego que me perdoe por parafrasear sua idéia de título, mas não encontrei outro que melhor pudesse expressar o que quero dizer.

Não foi a derrota para o Inter que me aborreceu hoje - se bem que, pelo estado do gramado, se o Santos tivesse um Eurico Miranda da vida na diretoria o jogo NUNCA teria começado.

O realmente irritante foi o fato de mais uma vez o time ignorar o estado do gramado e passar 80, 90% do tempo tentando jogar com toques curtos, trocar passes, quando a piscina em que se transformou o Beira-Rio claramente não permitia isso.

O Inter, mais adaptado ao gramado, levantava bolas de todos os lados para a área - e foi assim, por fim, que chegou ao gol.

Sorte? Não. Inteligência. O Inter entendeu melhor os fatores sobre a cancha, e soube utilizar meios para superar os obstáculos.

Essa leitura equivocada de como o jogo deveria ser levado já havia ocorrido na semifinal aquática contra o Bragantino, quando escapamos da eliminação com uma bola na trave no finzinho, e voltou a se repetir.

Quem já leu qualquer coisa mínima sobre estratégia - seja militar, empresarial ou de sucesso pessoal - sabe a importância dada à análise sobre os fatores externos. Não é possível definir a melhor estratégia para uma batalha sem levar em consideração se o terreno da disputa é arenoso, montanhoso ou pantanoso.

Analisar o cenário externo é premissa de qualquer estratégia vencedora. É básico.

Isso posto, fico tentando imaginar o passou na cabeça de Luxemburgo para escalar os leves Renatinho e Marcos Aurélio no ataque, quando a chuva torrencial que inundou Porto Alegre já deixava claro que, se houvesse jogo, seria uma peleja de chutões e chuveirinhos.

A estratégia errada, no futebol ou na guerra, só tem um culpado: o comandante. Nesse caso, com o agravante de já ter cometido o mesmo erro há menos de dois meses.

No caso militar, seria para ser julgado por corte marcial. No nosso caso, fará bem a direção em pensar se é esse "estrategista" que queremos no planejamento para 2008.

Eu certamente não quero.

A Semana: o que valeu a pena e o que foi uma bosta

(de 2 a 8 de junho de 2007)

O que valeu a pena

A classificação do Boca, o virtual campeão da Libertadores 2007. A vitória do Santos sobre o Grêmio, por 3 X 1; não sou tão mau assim a ponto de querer que o Santos perdesse os dois jogos.
O que foi uma bosta

A pose retranqueira covarde do Carpegiani, que fez o Corinthians recuar contra o Santos, com 1X0, e tomar o gol de empate, ao invés de manter o time do jeito que estava, aproveitar o contra-ataque e matar o jogo. A combinação gravata listrada/camisa riscada do Luxa, na eliminação do Santos da Libertadores; já o terno cinza estava OK. A estréia do Jô na Seleção. O título do Fluminense, o que significa mais uma bosta carioca na Libertadores (ainda se fosse o Botafogo, vá lá; e eu errei a previsão). A condenação do Animal Edmundo (ou seria Edmundo Animal?), pelo STJD, graças ao chorinho da bambizada.

Dando murro em ponta de faca

Três notinhas do Painel FC publicadas ao longo da semana dão conta da situação ridícula, vexaminosa e calamitosa pela qual passa o Corinthians. O Painel é uma espécie de espaço de fofoca futebolística mantido pela Folha de S. Paulo (maldade minha; é uma das colunas mais bem informadas do País).

No dia 7 de junho, quinta-feira, o ex-técnico Leão, que não serviu para absolutamente nada no Corinthians, disparou o primeiro petardo. Segue a notinha da Folha:

"Escutei falar muita coisa do Andrés Sanchez e do Kia [Joorabchian]. Muito, muito, muito. Mas empregado é para ouvir, não para relatar"
De EMERSON LEÃO, ex-técnico do Corinthians, sobre a oposição ter feito relatório e apontado que ele custou R$ 11 milhões ao clube


No dia seguinte, sexta-feira, Andrés – aquele diretor do qual o Mesa Redonda, da TV Gazeta, é fã confesso, o mesmo diretor que primeiro apoiou a parceria, depois não apoiou mais, depois apoiou só o Kia – respondeu no mesmo espaço:

"Também escuto muitas histórias sobre Leão. E sei de um fato: ele destruiu o time campeão brasileiro em 2005 e deu prejuízo ao clube"
De ANDRÉS SANCHES, conselheiro do Corinthians, sobre o técnico Emerson Leão dizer ter ouvido histórias dele e de Kia Joorabchian


A primeira conclusão, óbvia, é que, se eles sabem tantas histórias uns dos outros, deveriam contá-las, e não praticarem essa deprimente guerra fria por meio dos jornais. Se sabem tantas coisas ameaçadoras, ao que parece, prestariam um grande serviço ao Corinthians (algo que até hoje não fizeram) jogando tudo no ventilador.

“Segundamente”, ambos tentam jogar a culpa sobre o destino lamacento com o qual o time se encontrou no outro, como se: a) o Leão não tivesse feito tudo para mandar o maior astro do time embora, chegando, inclusive, a dar declarações explicitamente preconceituosas e xenofobistas e sendo acobertado pela imprensa; b) o mesmo Leão não tivesse trazido bostas como Gustavo, Wellington e Tamandaré (graças a Deus já receberam o cartão azul); c) o mesmo Leão não tivesse instalado um clima misto de terror e descontentamento entre os jogadores; d) o sr. Andrés (que tipo de cara ostenta um nome no plural, afinal? Se é assim, quero que me chamem de “Rodrigos”) não apoiasse uma parceira que foi conivente com os desmandos do técnico, aproveitando a brecha para tirar Tevez e Mascherano do time; e) o sr. Andrés não fizesse parte da chapa do sr. Alberto Dualib desde sempre, pulando do barco convenientemente no momento em que começava a afundar. Poderia ficar aqui o dia todo escrevendo sobre as incongruências de ambos os lados, mas isso cansa.

Já a terceira notinha, do dia 5 de junho, terça-feira, mostra como o sr. Alberto Dualib faz mal ao clube, algo que todos sabemos, mas que precisa ser constantemente relembrado. Vamos a ela:

Vale por três. Responsáveis pelo time de veteranos do Corinthians contam que incluíram mais três jogadores na delegação que disputará um torneio na Alemanha, graças à desistência de Alberto Dualib, que viajaria na primeira classe. Sua passagem foi trocada pelas dos novos atletas na classe econômica.

Precisa falar algo mais?

No Brasileirão, o time ganhou dois jogos e empatou outros dois, estando na terceira colocação na classificação geral, tendo hoje a chance de atingir a liderança - OK, é mais do que eu esperava para o início da quinta rodada. Mas, na minha modestíssima opinião, é só um respiro. Os caras que estão lá não vão deixar o Corinthians ganhar nada.