sexta-feira, 8 de junho de 2007

Das profundezas da minha ignorância

“Tática? Que tática?, perguntam os voluntariosos” – Ezequiel, I, 9-10

Em sua coluna na Folha de S. Paulo do último domingo, Tostão falava do seu sonho de ver times jogando com beleza e eficiência, o que ele traduziu como equipes fortes na marcação e ofensivas.

Disse que o Grêmio faz isso e só não dá espetáculo porque não tem craques. É, para ele, uma questão de treino e organização, citando que grandes times argentinos e o Barcelona costumam jogar assim; e a Holanda de 74 dava aulas sobre o tema. Já times modestos ou desprovidos de craques se fecham atrás e jogam no contra-ataque, disse o campeão mundial de 70.

Das profundezas da minha ignorância, tenho a dizer, claro, que não entendi nada. Ou que tudo me parece óbvio. Se um time tem uma boa defesa e poucos talentos do meio pra frente jogará sempre no contra-ataque? Se tiver uma defesa comédia e algum talento no meio e no ataque, jogará pra frente, marcando o adversário no seu campo e protegendo a defesa fraca? O futebol seria sempre uma questão de minimizar deficiências e valorizar qualidades?

A resposta a essas questões podem ser opiniões do tipo “técnico tal é retranqueiro”, “técnico tal é corajoso” e o outro acolá “é covarde”, ora porque conquistam-se três pontos com 1x0, ora com um 4x3; ou vai-se à final de uma Libertadores empatando em 3x3 em jogos de 180 minutos.

E quando todas as estratégias possíveis entram em campo, resultando no tal nó tático de um técnico sobre outro? E se todas as táticas entram em campo, mas o espectador percebe que o resultado de um jogo dependeu exclusivamente de um goleiro, de um lateral ou de um Animal de 36 anos?

As pranchetas rabiscadas derretem-se na minha cabeça. Fico com meu velho olhar tosco para as estratégias, mas não daltônico para as cores de um jogo de futebol disputado por craques e voluntariosos.

Sou torcedor e só escrevo aqui porque uns loucos amigos meus me chamaram e eu topei. Dá nessas viagens.

Falando em técnicos retranqueiros e nessas histórias de estratégia, Carpegiani parece já ter mostrado armadura e escudo. Quando tirou Clodoaldo, que, vá lá, não estreou, e colocou Bruno Octávio, tomou o empate do Santos. Foi bom o Corinthians ter tomado o primeiro gol no Brasileirão, aconteceu no chamado momento certo, começo de campeonato, time invicto. Mas o Parmegiani não quis matar o jogo.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Curtas ... comentadas ... do Palestra

Cofre cheio

O Palmeiras arrecadou R$ 2,1 milhões na primeira reunião com os investidores da Cesta de Atletas. A diretoria está otimista. Segundo Gilberto Cipullo, vice-presidente do clube, as perspectivas são boas de que a idéia emplaque.

Avalio como positiva a iniciativa da diretoria, que usou a criatividade para gerar mais receita e, assim, diminuir o rombo financeiro do clube.

O refugo já era

O técnico Caio Junior ficou decepcionado por não poder contar com o centroavante Alex Mineiro, do Atlético Paranaense. O jogador preteriu o Palmeiras e preferiu continuar no clube paranaense.

O Alex Mineiro é artilheiro de um campeonato só. Tem 32 anos e só fez uma boa temporada toda a sua carreira. E isso aconteceu no longínquo 2001. Ele preferiu o Atlético Paranaense. Melhor assim. Menos um refugo no grupo do Palmeiras. Entre o Mineiro e o Alex Afonso, sinceramente, não vejo diferença.

O fator Valdívia

O Palmeiras está preocupado com a convocação do Valdívia para a Seleção do Chile. Caio Junior também está. O treinador atribuiu a queda do time no Paulista à ausência do meia, que ficou bastante tempo representando o seu país.

A preocupação de todos é justificável. O el mago chegou de mansinho no Palmeiras. Pouco jogou no ano passado. Também iniciou mal esse ano, quando foi duramente criticado pelo técnico Caio Junior - com razão - por perder muitos gols. O chileno ainda não coloca muitas bolas para dentro. Mas, de fato, é diferenciado, acima do nível atual do futebol brasileiro. A presença do meia é fundamental para as pretensões do Palestra no Brasileirão.

Dodói

O São Paulo conseguiu. O Edmundo foi suspenso por dois jogos.

O precedente está aberto. Uma nova jurisprudência foi criada e os clubes poderão recorrer ao STJD quando se sentirem prejudicados por erros de juízes. Se a moda pega, não haverá sequer um jogo que não será contestado. Agora, o Miranda, dodói, pode chorar em paz.

Fora Caio Junior

Parte da torcida chamou o técnico do Palmeiras de burro no último jogo. Muitos conselheiros também já desaprovam explicitamente a gestão do Caio Junior.

O Caio Junior tem que ser demitido. Já demonstrou que não tem envergadura para ser técnico de um time grande como o Palmeiras. Melhor dispensar enquanto dá tempo de o time se arrumar no Campeonato Brasileiro.

A busca pelo nove

Com a negativa do Alex Mineiro, a busca por um centroavante continua. A diretoria permanece atrás de um camisa 9.

Acho que o Palmeiras tem que desistir de contratar um 9. O clube não tem dinheiro para investir em alguém de peso. E também não há muitas opções de qualidade no mercado. Melhor e mais inteligente seria prestigiar os dois centroavantes do elenco.

Volta Luxemburgo

O Santos caiu fora da Libertadores, para desespero do meu dileto Caiçara. Luxemburgo está sendo contestado. O investimento é pesado para manter o treinador e o ROI, segundo alguns santistas, já não é dos melhores.

Muito bom. Proponho uma troca. Mandem o Luxa para o Palestra e podem levar o Caio Junior. Topa, Caiçara?

Uh, Grêmio!

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Se o sexo é bom, no final tem gol

Começo essa coluna já me desculpando com os mais puristas, principalmente as leitoras, se é que elas ainda freqüentam este espaço. A comparação pode não cair na graça de todos, mas funciona neste meu universo quase desconexo.

O princípio é básico: vontade e entrosamento levam, sistematicamente, a bola à rede ou algo um pouco mais profundo. Dentro das quatro linhas ou das quatro paredes.

Vejam bem, um casal começa com o flerte, aqueles sinais de interesse mútuo, o mesmo entre um clube e o tão sonhado craque. Conversa vai, conversa vem, e o craque aceita a proposta e passa a treinar. No lado do casal, o convite aceito leva aos drinques, ou se preferirem, ao aquecimento. Etapas preliminares cumpridas com esmero e é chegada a hora de entrar em campo.

O aquecimento é essencial. Ninguém quer contusões e distensões, muito menos um parceiro mal-humorado. E então começa a partida. A bola rola de um lado para o outro da cama, isto é, do campo. O entrosamento entre parceiros e jogadores é exemplar quando todos têm o mesmo objetivo.

E antes mesmo do que a torcida esperava, é gol! Quando o entendimento é tanto, ninguém quer parar, pelo menos não enquanto o corpo agüentar. Depois é só comemorar, cada um a sua maneira, mas com aquele sentimento de felicidade e dever (ou prazer) alcançado.

Trocando em miúdos, isso tudo é “Tesão”. Palavra forte, por vezes chula, mas que sai com naturalidade. “Tesão” por fazer o que se gosta, tesão por curtir cada conquista, cada gota de suor.

Isso é o que falta a alguns times, isso é o que falta a alguns jogadores, que também falta a alguns casais. Tesão é o que me falta, quando vou ao estádio ou quando sento em frente à TV nos finais de semana. Pelo menos durante a semana ainda sou poupado de ver o Souza em campo. E posso aproveitar meu tempo de outras formas...

terça-feira, 5 de junho de 2007

O último que sair, por favor, apague a luz

Marcelinho Carioca pode voltar ao Corinthians. Como diria um velho amigo deste blog “Parem as máquinas, nós temos um furo!”. Nos idos anos 90 seria matéria de páginas esportivas, hoje, preenche no máximo dois quadrinhos de uma tirinha cômica.

Trabalhando atualmente como comentarista e repórter da TV Bandeirantes, ele admitiu hoje em bate-papo no programa Jogo Aberto que “ficou balançado” com a possibilidade de voltar a jogar pelo time da marginal sem número. Somente um recôncavo descampado seria palco para tal retorno.

Marcelinho disse que conversou com PC Carpegiani recentemente e afirmou que “precisaria de somente três semanas para entrar em forma, podem apostar!” e então poderia ser utilizado normalmente. “Ele é meu amigo. Ele me conhece e sempre estamos conversando. Falamos de tudo, como também de futebol”.


Esta seria a quarta passagem de Marcelinho pelo Parque São Jorge, o que agora depende apenas de um acerto com o presidente do clube, Alberto Dualib, que está na Europa e não tem retorno previsto.

A intenção do atleta (???) é disputar o Campeonato Brasileiro e se aposentar após o Paulistão de 2008.

Caso se concretize o acordo, Marcelinho atuará ao lado de outro novato, Vampeta. E assim o Corinthians se prepara para o Masters, ou o Showball. Só falta a confirmação de grandes estrelas como Biro-Biro, Mirandinha, Wladimir, Zenon e Tupanzinho, pra dar sorte...

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Santos e Boca correndo atrás do improvável

Se antes da primeira partida das semifinais da Libertadores o amigo fizesse uma enquete nos botecos pela América do Sul afora, atrevo-me a dizer que até na Colômbia o palpite mais ouvido para a finalíssima seria Santos x Boca Juniors.

Não que o Deportivo Cúcuta e o Grêmio – especialmente o Grêmio – não fossem cotados para seguir adiante, nada disso, mas nesse tipo de enquete há sempre uma tendência de prevalecer o imaginário. E não há camisas que mexam mais com a imaginação do sulamericano do que a do Santos de Pelé e do Boca de Maradona. Mais do que isso: são os únicos times que já reeditaram uma final de Libertadores - em 1963, duas vitórias santistas, em 2003, duas vitórias do Boca. Uma terceira final seria a negra...seria.

Grêmio e Cúcuta não foram avisados, e abriram significativa vantagem nos primeiros jogos (2 a 0 e 3 a 1). Mas, na verdade, isso não pode ser considerado surpresa para quem tem acompanhado o torneio.

O Santos, melhor campanha da Libertadores na primeira fase, há muito caiu de produção e não consegue reeditar o bom futebol do início do ano. Pior: carece de um homem de frente que seja capaz de causar intranqüilidade na defesa adversária e tem adotado uma atitude covarde nos jogos fora de casa, quando parece apenas buscar o 0 x 0.

Já o Grêmio começou mal a Libertadores, com dificuldade para vencer em casa e perdendo fora. O tempo passou, o time encorpou e ganhou confiança. Se está longe de ser um primor tecnicamente, é sem dúvida o time mais aguerrido entre os quatro finalistas.

Na outra chave, o Boca Juniors também não fez exatamente uma campanha brilhante. Quase foi eliminado na primeira fase, e depois se beneficiou de um lance estapafúrdio do goleiro do Vélez para eliminar o rival, que vinha muito melhor. Tem três jogadores que podem decidir o jogo a qualquer momento – Riquelme, Palácios e Palermo –, mas o time tem encontrado dificuldades para impor seu ritmo de jogo.

A grande surpresa é mesmo o Deportivo Cúcuta, que tem jogado o melhor futebol entre os quatro finalistas. Time que ocupa muito bem os espaços sem a bola, marcando com precisão sem apelar para faltas, o time colombiano é também o que melhor toca a bola do meio para a frente.

Nada impede que Santos e Boca, jogando em seus temidos alçapões, revertam a desvantagem de dois gols e avancem à final. Mas o palpite mais razoável deixa os dois de fora.

Guerra armada para quarta-feira

Semana passada, seis ônibus da torcida santista enfrentaram os quase 1.200 km de viagem até Porto Alegre. Lá, juntaram-se a mais alguns ônibus do pessoal que foi de avião.

Essa torcida teve de enfrentar pedras no caminho para o Olímpico e, chegando lá, a truculência da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, que fez a torcida descer dos ônibus correndo. Testemunhas dizem que eles ordenavam aos gritos e cutucando todos (homens, mulheres e até crianças) com cassetete. Na porta do estádio, a Brigada demorava para fazer a revista e os policiais que acompanhavam a torcida santista baixavam a borracha.

Após a partida, aconteceu o mais grave: a Brigada dividiu o comboio, acompanhando cada um com apenas duas motocicletas. Relatos que chegaram dizem que um dos comboios foi conduzido para um local em que havia só torcedores do Grêmio, armados de rojões e pedras. As conseqüências são fáceis de imaginar.

É com esse perigoso histórico fora das quatro linhas que Santos e Grêmio se reencontram quarta-feira. As retaliações já começaram: foram enviados apenas 400 ingressos para o sul, e é provável que a torcida gremista tenha na baixada uma recepção mais calorosa do que se poderia imaginar.

O cenário para uma verdadeira guerra está sendo montado.

Chinelada da semana

A Havaiana voadora desta semana vai direto na orelha do Leonardo Gaciba, árbitro de Paraná 0 x 1 São Paulo na outra Vila, a Capanema.

Tá certo que o Paraná, embora fosse líder, não é um time que aspire a nada mais importante no campeonato e tem como sina ser mesmo saco de pancadas dos grandes, mas a arbitragem não precisava ajudar.

O pênalti marcado sobre Aloísio foi ridículo. O goleiro Marcos Leandro (isso lá é nome?) chutou o chão e o juiz inventou a infração. Depois, o zagueiro Luís Henrique ainda empataria, aos 47 do segundo tempo, mas o bandeira viu impedimento inexistente no único gol real da partida.

A arbitragem devia observar o jogo sem olhar as camisas.

domingo, 3 de junho de 2007

Fora, Caio Junior!


Minha paciência com o Caio Junior acabou. Começo agora a campanha pela sua demissão imediata do comando do Palmeiras.

Mesmo com todas as dificuldades administrativas, o Palmeiras tinha obrigação de se classificar no Paulista. Mas Caio Junior fez indicações erradas, demorou para acertar o time e foi covarde durante todo o campeonato. O técnico é imaturo e inexperiente: chegou a falar para a imprensa que suspeitava que Edmundo e Valdivia não poderiam jogar juntos. Errou, claro.

Errou também quando fez um planejamento absurdo para os jogos da Copa do Brasil contra o Ipatinga. Resultado: o Palmeiras perdeu a classificação em casa.

Já no Campeonato Brasileiro, a participação do técnico é decepcionante.

No primeiro jogo, contra um Flamengo cansado, o Palmeiras ganhou na sorte quando achou um terceiro gol no momento em que era mais pressionado. Na segunda rodada, em casa contra o Figueirense – com um a menos –, o time tomou sufoco e venceu apertado. Na terceira partida, afinou para um São Paulo em crise e não teve sequer uma chance clara de gol.

Caio Junior errou bisonhamente no último domingo, pela quarta rodada, contra o Cruzeiro, que até então era o saco de pancadas do Brasileirão. Escalou o time com três volantes – jogando em casa! – contra um adversário fraco, desorganizado e em crise. O Palmeiras entrou travado no primeiro tempo e só conseguiu assustar o goleiro Lauro com bolas paradas. É um sinal óbvio de que o time foi mal escalado e ficou preso num esquema engessado elaborado pelo burro do Caio Junior.

Vale ressaltar que o melhor em campo no primeiro tempo contra o Cruzeiro foi o Martinez. Pois foi exatamente esse o jogador escolhido pelo Caio Junior para ser substituído. A justificativa? “Ele tinha cartão amarelo”, disse o burro. Mas o jogo não estava nervoso, o jogador também não estava nervoso e o Cruzeiro tinha pelo menos quatro jogadores amarelados – ah, não houve expulsões na partida.

Eu não me lembro de ter visto o Caio Junior ter mudado um jogo a favor do Palmeiras. Pelo contrário: ele jamais abandonou suas convicções covardes e de técnico de time pequeno. Nunca vi o Palmeiras, por exemplo, jogar com apenas um volante em campo, mesmo nas situações mais necessárias ou mais fáceis. Contra o Cruzeiro, o técnico só fez substituições previsíveis – tirou o terceiro volante e colocou um meia, trocou um lateral pelo outro e um centroavante por outro. Ou seja, não arriscou nada. O que fez de fato foi privilegiar a defesa, que mesmo assim se revelou frágil.

Nada mudou. Como já é rotina no Palmeiras do Caio Junior, o time perdeu em casa e se afastou da liderança. Deixo um apelo para a diretoria: mandem esse burro embora, rápido, porque ele não vai dar certo no comando do clube. Será mais um Estevam Soares na vida do Palmeiras.

Fora, Caio Junior!