terça-feira, 24 de abril de 2007

Errei, porra!

45.000 pessoas assistindo impávidas, entre arquibancadas e cadeiras, o jogo é decisivo. Mas a situação não é desesperadora, basta um empate. Num cruzamento adversário pela esquerda, o corte mal feito se transforma num “lençol”, e um chute de primeira, indefensável. Golaço! Se fosse um tento a favor, o espetáculo estaria completo. Mas aqueles segundos de silêncio significaram mais.

Não bastassem todos aqueles torcedores ali, outros tantos mais acompanharam o lance pela TV, ao vivo, e por canais a fio, entre mesas redondas e melhores momentos. Aliás, melhores para quem?

A imprensa está lá, cumprindo sua função de informar. Mas todo cronista esportivo tem seu time do coração, quer declare ou não. E se há um favorito, há também os rivais, aqueles os quais não suportamos ver em momentos de glória e que se possível, sempre perderiam do nosso time, melhor ainda se a partida for importante.

Torcedor, por regra, não é imparcial. Não é possível manter tal distanciamento da emoção. E não há como evitar endeusar ou sacrificar um profissional, assim como foi com André Dias no último domingo, assim como foi com Barbosa, após a final da Copa em 1950.

Assisti a uma entrevista de Gigghia, o atacante uruguaio que frustrou toda uma nação em pleno Maracanã. Ele admitiu, para quem quiser ouvir, que aquele foi seu êxtase (o único), pois era apenas seu quarto jogo pela seleção de seu país, e incrivelmente o último. Nunca mais voltou a vestir a camisa da celeste.

Pouco se fala sobre o algoz, mas ninguém perdoa a vítima.
Moacyr Barbosa soube bem o que era isso. Tempos atrás os administradores do Maracanã decidiram trocar as traves de madeira por outras de ferro, mais modernas. Barbosa pediu para ficar com as velhas e para tentar apagar um pouco do passado, utilizou as antigas metas como carvão num churrasco com amigos e ex-companheiros do esporte. Não adiantou.

Morreu em 2000, na cidade de Santos, recluso, apenas na companhia da filha.

Armando Nogueira, representante dos “amigos” jornalistas, uma vez escreveu:

“Certamente a criatura mais injustiçada da história do futebol brasileiro. Era um goleiro magistral. Fazia milagres, desviando de mão trocada bolas envenenadas. O gol de Gigghia, na final da Copa de 50, caiu-lhe como uma maldição. E quanto mais vejo o lance, mais o absolvo. Aquele jogo o Brasil perdeu na véspera.”

Só que aí já era tarde...

2 comentários:

Anônimo disse...

O Alex Silva eu até poupo, mas o Souza não.

Palestrino disse...

O Souza é mentiroso, falastrão.