terça-feira, 1 de maio de 2007

Aquele momento mágico

Eu me lembro da minha primeira bola de futebol. Devia ter uns três anos na época. Era de capotão, meio cinza, meio parda, assim como essa acima. Eu mal tinha força para chutá-la. Me lembro dela porque durou até meus noves anos, quando a lança do portão do vizinho foi decisiva na carreira e na partida daqueles seis moleques que brincavam no seu Maracanã particular. E sim, Maracanã porque esse era um estádio neutro dentre aquelas crianças paulistas, já rivais entre os times do coração.

Mas as partidas começaram antes. Aos cinco ou seis anos, Papai Noel trouxe um estrelão e dois times de futebol de botão. Naquele Natal, pela manhã, aconteceu o primeiro clássico: São Paulo X Corinthians. O Tricolor venceu por três a um, com golaço de Dario Pereyra.

Poucos anos depois e chegou a nova geração de videogames. O velho Atari deu lugar ao Nintendo. E dentre a avalanche de jogos, tinha lá um futebol. Demorei para encontrar aquele cartucho, e a ansiedade pra jogá-lo pareceu perdurar dias. Naquele tempo, só havia seleções e os jogadores tinham nomes estranhos, por vezes engraçados. Mas o principal estava lá. Era futebol, ótimo para tardes chuvosas e noites adentro, escondido, com a TV quase sem volume, para que os pais não ouvissem.

E o que dizer das idas ao estádio?! Vencer era importante, mas estar entre 60, 70 mil pessoas era o máximo. Me lembro com saudade e orgulho de estar lá no Morumbi, acompanhando todos os jogos da Libertadores no começo dos anos 90.

E isso não mudou, mesmo hoje. Cada partida é uma história diferente. Nos últimos três anos, triunfamos mais do que fracassamos, comemoramos títulos e choramos com as derrotas. É, não se pode vencer sempre.

Lembro tudo isso porque semana passada eu estava lá, nas arquibancadas, e um garotinho ao meu lado lembrava ao pai que estava ali pela primeira vez. Ele pulou com um belo gol, reclamou das oportunidades perdidas, e xingou, ou melhor, protestou com as falhas da defesa e os tentos sofridos.

Ao final, o São Paulo se despediu do Campeonato Paulista. E o garotinho foi saindo com o pai e os outros 45 mil que ali estavam. Ele estava triste, mas de repente seu semblante mudou e num sorriso perguntou ao pai se eles poderiam voltar, porque tinha gostado bastante daquela noite, uma experiência ímpar, imagino eu.

Às vezes, o futebol vai um pouco além do ganhar ou perder. È um momento mágico, de pessoas e sentimentos, e nada melhor do que saber que na semana seguinte, sempre haverá mais.

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