quarta-feira, 2 de maio de 2007

A diretoria míope

Está em todos os jornais: o Palmeiras pretende gastar R$ 3 milhões na compra de 50% (!) do passe do Denis Marques, atacante-arremedo do Oséas que joga no Atlético Paranaense. Também está aberto para negociar alguns dos seus jovens valores, como o David e o Michael. Meu Deus!

A intenção de contratar o jogador do time paranaense, expressa de forma entusiasmada pelo Toninho Cecílio – como se o cara fosse um craque –, só mostra que o Palmeiras continua sendo administrado com visão míope. E pior: o distúrbio, que acometeu por anos a gestão anterior, ainda parece estar piorando, virando quase cegueira. Ou alguém acha normal um clube que tem um passivo milionário pretender gastar o que não tem num jogador absolutamente mediano?

O Palmeiras ficou anos sem atrasar os salários dos jogadores. É obrigação, em qualquer setor. Deixou, no entanto, de honrar seus compromissos em dia no final de 2006, situação que se arrastou até pouco tempo atrás. Todos sabemos que o buraco financeiro do Palmeiras é grande. As despesas só aumentam e as receitas não entram na velocidade e no volume desejados. Mesmo assim, o clube ainda pensa em gastar uma dinheirama para contratar o Denis Marques.

É claro que o Palmeiras tem que contratar. O elenco é fraco. Precisa de mais qualidade e também de mais quantidade. Mas acho que a diretoria tem que ser inteligente nas negociações. Ela deve se mirar no exemplo do São Paulo, que contratou o Mineiro e o Dagoberto, só para citar alguns casos, sem colocar a mão no bolso. O Palmeiras vem fazendo o contrário, insistindo em errar. Gastou milhões no Marcinho, ex-São Caetano – não deu em nada. Depois investiu no Valdivia, que ainda tem tempo de mostrar alguma coisa mas que já revelou uma covardia imperdoável para um camisa 10 de time grande, quando se escondeu e preferiu não cobrar um pênalti na disputa contra o Ipatinga.

O fato inexorável é que o Palmeiras – e qualquer outro clube que pretende ter algum futuro – tem que investir na base, formar jogadores. Isso não é uma tarefa fácil para um clube que historicamente é comprador. Trata-se de uma mudança profunda, de paradigma administrativo. Ou seja, o Palmeiras tem que se reinventar e se adaptar à nova realidade do futebol brasileiro, sob pena de ver seu patrimônio minguar nos próximos anos e de ver a fila aumentar também.

À diretoria cabe uma reflexão: não será melhor segurar os bons valores do elenco, como o Michael e o David, a investir pesado em jogadores normais, que não têm retorno garantido?

Sugiro que o clube não venda ninguém dessa nova safra de jogadores criados na base e no Palmeiras B. Proponho também que a diretoria se esforce para fazer bons negócios, que não envolvam muito dinheiro (é difícil, eu sei), e não gaste milhões em contratações duvidosas, que aumentarão ainda mais a sua dívida. Só assim o Palmeiras terá condições de montar uma equipe competitiva.

3 comentários:

Anônimo disse...

Vc tá bem loco? O São paulo pagou R$ 5 milhões no Dagoberto.

João de Barro disse...

O que dizer do Ilsinho, que algum diretor de lá disse que não jogava nem em time de várzea?

Palestrino disse...

O amigo anônimo tem razão sobre o Dagoberto. Mas é fato que o São Paulo sabe vender como ninguém e se mostra cada vez melhor para comprar.